1º de Maio: Aposentados querem melhor qualidade de vida

Seminário dos aposentados realizado ontem pede fim da discriminação ao idoso. Evento abriu as comemorações do 1º de Maio no ABC.

Mudanças sociais para acabar com o preconceito

No seminário realizado ontem como parte das atividades do Dia do Trabalhador, os aposentados e idosos pediram mudanças culturais e de comportamento da sociedade para colocar um fim na discriminação que ainda sofrem. Eles disseram que são vistos como inúteis, como pessoas que não são produtivas e que não consomem, como um peso que a sociedade precisa carregar.

“Culturalmente, a sociedade vê o idoso de maneira negativa”, comentou Wilson Ribeiro, presidente da Associação dos Metalúrgicos Aposentados do ABC (AMA/ABC).

Ele disse que o Estatuto do Idoso é um avanço, pois mostrou uma mudança de concepção.

“O Estatuto trata as pessoas no conceito da cidadania e das políticas públicas, e não mais com uma visão de assistência social e de caridade”, afirmou.

Wilson disse que, apesar de o País ter uma boa legislação, sua implementação está sendo demorada e com ações isoladas.

Ele afirma que entidades como a AMA-ABC apontam para a necessidade dos idosos e aposentados lutarem por seus direitos e pelo fim da discriminação.

“Somos nós que temos de ir à luta e cobrar, de maneira coletiva, pelo pleno reconhecimento de sua cidadania”, conclui Wilson.

“O motorista do ônibus nem pára no ponto”
Sinto discriminação no valor da aposentadoria, pois meu benefício era de três salários mínimos e hoje é um salário só. Pegar ônibus é um horror. Se estou sozinha no ponto, sem outras pessoas, normalmente o motorista nem pára, pois vê a carteirinha de longe e vai embora. No Pronto Socorro a coisa piora. Este ano ainda não consegui marcar consulta. Voltei lá nesta segunda feira e a atendente disse que não havia horário para consulta de idosos. Disse também que não sabia quando havia a consulta. E olha que eu tenho bronquite e osteosporose. A única coisa que consegui foram os remédios. Tenho seis filhos e trabalhei a vida inteira, em confecções, lojas de móveis e em supermercados.
Filomena Coelho de Oliveira Souza, 72 anos.

“Temos que lutar por nossos direitos”
As pessoas, principalmente os jovens, não acreditam na gente. Sinto isso na rua, no mercado, no ônibus. A sociedade vê a gente como um inútil, como uma pessoa que está atrapalhando, como se a gente tivesse pouco valor social. As empresas não contratam uma pessoa com mais de 45 anos. Essa pessoa acaba ficando desprotegida socialmente, pois não está aposentada e não consegue mais trabalho para poder se aposentar. Isso tem de ser mudado. É preciso maior conscientização da sociedade e nós temos de lutar por isso. Me aposentei em 1998 e ainda faço alguns trabalhos para ajudar a família. Também trabalho para engordar minha aposentadoria, pois não faço tudo aquilo que tenho vontade.
Valdomiro Ferreira dos Santos, 59 anos

“Sou mais discriminado por ser idoso do que por ser negro”
Falta maior união das entidades que representam os aposentados e idosos, senão teríamos mais avanços previdenciários e sociais. O Sistema Único de Saúde não está aparelhado para dar o