Ministro da Saúde quer debate nacional sobre aborto
O ministro da Saúde, José Ramos Temporão, quer uma discussão nacional sobre o aborto, pois entende que essa é uma questão de saúde pública devido ao grande número de mulheres que morrem em clínicas clandestinas. “Fingir que isso não existe é uma atitude hipócrita”, criticou o ministro.
Ele disse que no ano passado o SUS registrou 220 mil curetagens, muitas de sequelas por aborto.
“Não é possível saber quantos desses procedimentos foram resultado de um aborto em situação insegura, mas o número é alto e mostra que o assunto tem de ser discutido dentro de uma política de direitos sexuais e reprodutivos”, comentou Temporão.
Ele sugeriu a realização de um plebiscito para que a população mostre sua opinião sobre o aborto.
Temporão disse que não é pessoalmente favorável ao aborto, mas sua legalização possibilitaria reduzir o número de mulheres mortas em consequência de procedimentos mal feitos na clandestinidade.
Atualmente, a lei brasileira só permite o aborto nos casos de estupro ou quando a gravidez significa risco de morte para a mãe.
Portugal legaliza procedimento
O debate da legalização do aborto no Brasil ganhou força nas últimas semanas, depois que passou a vigorar lei em Portugal permitindo a realização de aborto durante as primeiras dez semanas de gestação.
A nova lei acata resultado de plebiscito realizado naquele país, quando 59% dos portugueses aprovaram a medida. Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que o problema é mundial.
De acordo com esses levantamentos, cerca de 80 milhões de mulheres engravidam todo ano sem ter desejado.
Dessas, 45 milhões recorrem ao aborto.
Por causa da ilegalidade, a metade (cerca de 20 milhões) faz aborto em condições inseguras, com a morte de 70 mil mulheres, além de milhares que sofrem traumas psicológicos e problemas de saúde permanentes.