Em defesa do companheiro

Temos acompanhado
com apreensão e, ao mesmo
tempo, com confiança o
caso do companheiro e dirigente
sindical Joaquim José
de Oliveira, membro do Comitê
Sindical na Backer,
ameaçado de morte por uma
dupla de motoqueiros e, em
seguida, demitido da empresa
por justa causa.

Apreensão pelo fato de
um dirigente ter sido demitido
arbitrariamente, pelo
simples fato de exercer o legítimo
direito de atuar como
representante sindical na
empresa. Aos companheiros
que o escolheram democraticamente
para representálos,
a ação da Backer é um
flagrante desrespeito à sua
liberdade de organização
sindical. Mais do que isto, a
forma truculenta como se
deu o fato revela o desrespeito
por direitos civis fundamentais
(proteção contra
a injustiça e a arbitrariedade),
consagrados há mais de
duzentos anos na Declaração
dos Direitos do Homem.

Apreensão também porque
o episódio revela, para
além da truculência, os princípios
e valores que orientam
a “política de recursos humanos”
da empresa. O poder
absoluto de quem determina
arbitrariamente as regras
de convivência social e
usa a coerção privada (demissão
arbitrária) para impor
sua vontade e mando
só pode ser visto como resquício
de uma matriz de poder
autoritário que imaginávamos
eliminado de nossa
cultura política. Infelizmente,
esta matriz tem raízes
profundas, como bem o demonstra
o episódio.

Confiança, por outro
lado, pela reação imediata e
firme do sindicato: dos seus
diretores, dos dirigentes sindicais
de outras fábricas,
dos companheiros que acompanham
os fatos através
da Tribuna Metalúrgica.
A ofensa a um companheiro
foi sentida como ofensa a
todos. Mostra-se, mais uma
vez, como se luta, fazendo a
indignação contra a injustiça
ecoar como um brado
em defesa da liberdade e dos
valores civilizatórios que temos
construído ao longo de
uma história secular.

Departamento de Formação