Greve geral contra a Emenda 3

Uma paralisação nacional foi defendida pelo presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo, caso o Congresso Nacional derrube o veto do presidente Lula à emenda 3. Ato em protesto à emenda, ontem em frente à Fiesp, reuniu três mil trabalhadores.

Milhares defendem o veto em ato na Fiesp

Durante manifestação que reuniu mais de três mil trabalhadores diante do
prédio da Fiesp, ontem, em São Paulo, o presidente do Sindicato, José Lopez
Feijóo lançou a palavra de ordem em defesa da greve geral em todo o País caso o
Congresso derrube o veto do presidente Lula à emenda 3.

“As centrais sindicais já estão convocando uma greve geral de todos os
trabalhadores brasileiros caso a emenda 3 seja aprovada”, afirmou Feijóo. “De
maneira nenhuma vamos aceitar esse golpe contra os direitos dos trabalhadores”,
prosseguiu.

Ele revelou também que se o veto for derrubado pelo Congresso, terá início
uma campanha em todo o País contra a reeleição de deputados e senadores que
votarem contra os direitos dos trabalhadores. “Nenhum parlamentar que apoiar a
emenda 3 terá um voto sequer da classe trabalhadora nas próximas eleições”,
alertou Feijóo. “Faremos uma campanha sistemática contra eles para que nunca
mais sejam eleitos”, disse o presidente do Sindicato.

O ato fez parte do Dia Nacional de Lutas Contra o Veto à Emenda
3
,convocado pela CUT e CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil), que
teve várias manifestações em todo o País. Ele foi realizado pela manhã em frente
à Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para responder a
provocação da entidade patronal contra os trabalhadores.

Junto com a seção de São Paulo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), a
Fiesp lançou uma campanha em defesa da emenda 3. À tarde haveria outra
manifestação dos servidores públicos na Paulista.

Sem direitos – O presidente nacional da CUT, Artur Henrique, destacou
em seu discurso que a emenda 3 tira direitos básicos do trabalhadores como
carteira assinada, férias, FGTS e INSS, além de arrochar salários. Falando
diretamente para o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que acompanhava a
manifestação em uma das salas do prédio. o dirigente frisou:

“A CUT está na frente da Fiesp para dizer ao sr. Paulo Skaf, à Rede Globo,
aos empresários atrasados e a todos aqueles que não admitem a derrota nas
eleições que os trabalhadores não aceitam a pauta que eles querem nos impor”.

Wilson Ribeiro, presidente da AMA-ABC e do Sintap (Sindicato Nacional dos
Trabalhadores Aposentados), alertou que a retirada dos direitos que a emenda 3
provoca está preocupando também os trabalhadores fora das fábricas. “Isso pode
atingir também nossos filhos e nossos netos, por isso damos todo apoio ao veto”,
afirmou.

Outras manifestações de protesto

Trabalhadores interromperam o tráfego em quatro rodovias paulistas ontem pela
manhã, como parte das manifestações do Dia Nacional de Lutas Contra o Veto à
Emenda 3
, ocupando trechos da Dutra -em São José dos Campos -; da Anhangüera
– em Campinas -, da Anchieta e da Cônego Domênico Rangoni -na Baixada Santista.

O MST também aderiu aos protestos convocados pela CUT e bloquearam estradas
em diversos pontos do País, como no Pontal do Paranapanema, em São Paulo, em
Pernambuco e outros Estados. No Paraná houve atos em várias cidades.

Fris Moldu Car citada como exemplo

No ato em frente a Paulista, Feijóo lembrou a situação dos companheiros na
Fris Moldu Car, em São Bernardo, como exemplo do que a retirada de direitos pode
causar. Os trabalhadores, que participaram da manifestação, estão há 90 dias em
greve exatamente porque o patrão não cumpriu o que a lei determina.

A aprovação da emenda 3 vai permitir que casos como o da Fris se repitam, só
que com o apoio da lei. Os companheiros na empresa de São Bernardo estão lutando
na Justiça por seus direitos. Se a emenda 3 passar, nem isso os trabalhadores
terão o direito de fazer.