Kauê muda ambiente no Senai da Mercedes

Kauê é o primeiro cadeirante aprendiz na escola do Senai na Mercedes-Benz. Sua presença tornou o pessoal mais solidário e motivado.

O primeiro cadeirante no Senai da MBB

“A gente chega lá e dá
um jeito”. É com esse raciocínio
simples e com grande
coragem para enfrentar as
adversidades que Kauê Pedro
Costa leva seu dia-a-dia.

Pensando assim ele vai
vencendo o curso no Senai da
Mercedes-Benz, planeja seu
futuro estágio na fábrica e a
sua vida na universidade.

Kauê tem 17 anos e é
cadeirante. Perdeu os movimentos
das pernas aos nove
anos por uma lesão medular,
problema decorrente seu nascimento
prematuro. É uma
referência na escola.

“O garoto é pró-ativo e
sua chegada aqui tornou o
pessoal mais solidário”, afirma
o diretor do Senai, Paulo
César Perestrelo.

Já o instrutor-orientador
da escola, José Júlio Vieira,
diz que a presença de Kauê
nas oficinas e salas de aulas é
fator de motivação para alunos
e professores.

Todos no Senai, dizem os
instrutores, entenderam que
igualdade no tratamento foi
a melhor maneira de receber
Kauê e lhe dar uma formação
como a de qualquer outro
aluno. Ele é o primeiro
cadeirante que a escola recebe
em seus mais de 30 anos.

O aprendiz chegou lá inspirado
no pai, Edson Silva Costa,
trabalhador na montadora,
e não sabia o que teria pela frente.
“Mas sempre pensei: vou me
virar”, recorda com bom humor.

Acesso – Foi a partir da chegada
de Kauê que as instalações da
escola foram se modificando,
tornando acessível à sua locomoção.
“Primeiro mudaram
o banheiro”, recorda ele.

O diretor Paulo descreve
que as adaptações eram
feitas a cada etapa do seu
aprendizado. Começou na
bancada, preparada para receber
a cadeira, depois num
torno e na retífica, instalados
numa plataforma e, por fim,
na sala de solda. As salas de
aulas teóricas não precisaram
de mudança, já que as mesas
acomodavam sua cadeira.

Para Sebastião Ismael de
Souza, o Cabelo, membro da
CIPA, essa experiência positiva
mostra que o Senai na
Mercedes pode incorporar
novos aprendizes com deficiência
nas próximas turmas.

Futuro – Quase completando o
curso, Kauê aposta que terá
desempenho profissional
como o de seus colegas. O instrutor
José Júlio confirma a
informação comentado a média
de notas de Kauê.

Sua apreensão agora é
quanto ao setor na fábrica
que fará estágio. Não sabe se
será na montagem ou na mecânica,
pois em qualquer um
deles o posto de trabalho terá
de ser adaptado. “Lá a gente
vai descobrir. Vou me virar”,
afirma, confiante de que seguirá
carreira profissional na
montadora.

Além do Senai, Kauê
cursa o terceiro ano do ensino
médio. Gosta de ir a shows
de rock e de música popular.
O cantor Lenine é seu ídolo.

Uma parte do tempo
dedica a Caroline, sua namorada,
que considera um pouco
ciumenta. “Quando olho
para outra garota ela briga
comigo”, destaca.

No final do ano Kauê presta
vestibular para engenharia
ambiental.

Não sabe o que enfrentará
na faculdade. Mesmo assim,
faz valer sua máxima. “Chego
lá e a gente vê”.