Metalúrgicos do Brasil: Custo de vida é igual, mas salários são diferentes

Um metalúrgico numa montadora do ABC precisa trabalhar 125 horas para comprar uma cesta de produtos e serviços para manter sua família. Um metalúrgico em uma montadora de Sete Lagoas, em Minas, precisa trabalhar 551 horas para comprar a mesma cesta.

Este é um dos motivos do
Congresso Nacional dos
Metalúrgicos da CUT
(CNM-CUT), que
termina amanhã, definir
ações de uma campanha
salarial no segundo
semestre para a conquista
do contrato nacional de
trabalho. “Quereremos
garantir condições
mínimas de igualdade
para todos os metalúrgicos
do País”, disse Carlos
Alberto Grana, presidente
da CNM-CUT.

Ele lembrou que a
pesquisa sobre o poder de
compra dos metalúrgicos
desmonta o argumento
patronal de que os salários
são diferentes no País por
causa do custo de vida
desigual nas diferentes
regiões do Brasil. “O
resultado da pesquisa
fortalece nossa
reivindicação pelo piso
nacional”, afirmou Grana.

Metalúrgico do ABC vale 4,7 vezes o de Sete Lagoas

Enquanto o salário dos
metalúrgicos sofre grandes
variações no Brasil, o custo de
vida desses trabalhadores é
praticamente o mesmo, conforme
pesquisa do Dieese
divulgada ontem no congresso
da Confederação Nacional
dos Metalúrgicos da CUT
(CNM-CUT).

A pesquisa foi feita entre
julho e outubro do ano
passado e mediu o poder de
compra do salário por hora
trabalhada dos metalúrgicos
dos setores automobilístico,
de autopeças e siderúrgico de
54 cidades.

Diferenças – Além da remuneração
dos companheiros, a pesquisa
levantou preços de 156
produtos e serviços que compõem
uma despesa básica de
família metalúrgica padrão,
com pai, mãe e dois filhos.

Essa cesta, aqui no ABC,
vale R$ 2.554, enquanto em
Sete Lagoas, em Minas, ela
vale R$ 2.183, uma diferença
de 17%.

Os principais itens da
cesta são: alimentação, habitação,
saúde, vestuário, equipamentos
domésticos, transporte, educação, cultura,
lazer e despesas pessoais.

Mesma cesta – Já a remuneração média
do trabalhador em montadora
do ABC ficou em R$
3.563,00, enquanto em Sete
Lagoas foi apurada em R$
756,00.

Isso significa que o metalúrgico
do ABC precisa trabalhar
125 horas para pagar
a cesta de produtos e serviços,
enquanto o trabalhador da
cidade mineira precisa trabalhar
nada menos de 551 horas
para comprar a mesma
cesta.

Tudo igual – A pesquisa mostra que
no ABC o metalúrgico, compra
a cesta e ainda sobram 50
horas da jornada mensal.

Em Sete Lagoas, o companheiro
precisa trabalhar
mais de dois meses para poder
comprar a mesma cesta
de produtos e serviços.

O Dieese fez essa mesma
pesquisa em 2003, quando constatou uma diferença salarial
entre os metalúrgicos
do País de até 4,4 vezes, enquanto
o valor da cesta de
produtos e serviços era semelhante.

A pesquisa atual mostra
que, atualmente, essa diferença
passou para 4,7 vezes,
quase 10% de aumento.

“Estamos conseguindo avanços”

O secretário geral da
CNM-CUT, Valter Sanches,
disse que desde a primeira
pesquisa os metalúrgicos
iniciaram uma luta
para reduzir essa diferença
salarial.

“A constatação derrubou
o argumento patronal de que o custo de vida nas cidades
pequenas é menor se
comparado com os grandes
centros”, comentou.

Nesses quatro anos, alguns
avanços foram conquistados.
“Conseguimos aumentar
o poder de compra dos
metalúrgicos de alguns pólos
como em Camaçari, Indaiatuba,
Sumaré e Resende”,
destacou Sanches.

Ele afirmou que a nova
pesquisa só vai reforçar essa
luta. “Os números mostram
a necessidade de estabelecermos
um piso nacional
para a categoria”, concluiu.

Presidente Lula abre o Congresso

Aclamado como o metalúrgico
número 1 do Brasil,
o presidente Lula foi o convidado
de honra da CNMCUT
para a abertura do 7º
Congresso dos Metalúrgicos
da CUT.

Em um discurso de 50
minutos, Lula lembrou a
militância em nosso Sindicato,
os desafios enfrentados
desde os tempos em que trabalhava
como metalúrgico
e, atualmente, como presidente
da República. Também
contou casos e disse que
se sente meio pai de todos os
sindicalis