Inclusão pelo cooperativismo

Pessoas em situação de exclusão social têm chance de trabalho e renda por meio do cooperativismo social.

Inclusão pelo cooperativismo

Pessoas em situação de exclusão social têm chance de trabalho e renda por meio do cooperativismo social.

Trabalho, renda e auto-estima

A CoopVida nasceu há
dois anos, em Fortaleza, reunindo
pessoas com o vírus da
aids. Elas passaram a confeccionar
e pintar tapetes e redes
e a fazer arranjos florais.

Parceria com uma empresa
médica, que começou
a fornecer vale-transporte,
contornou a dificuldade da
comercialização dos produtos.

No ano passado, um
empresário cedeu espaço em
bairro movimentado da cidade,
que abriga a oficina, e facilitou
as vendas.

A partir daí, os artesãos
passaram a ter um acompanhamento
técnico na gestão
da cooperativa.

“O maior problema era
encontrar alternativas de
comercialização do artesanato”,
lembra Lúcia Silveira,
técnica da Unisol, entidade
que reúne as cooperativas
apoiadas pelo Sindicato.

A solução veio através
de parceria com a prefeitura,
que cedeu imóvel na Praia
de Iracema. “Criamos o Mercado
Solidário, que passou a
comercializar produtos de
dez cooperativas e se transformou
numa referência na
cidade”, comentou Lúcia.

O novo local aumentou
as vendas da CoopVida.
Hoje, 12 artesãos soropositivos
(com o vírus da aids)
têm renda para garantir o mês.

Terapia e trabalho – Outra cooperativa que
vende seus produtos no Mercado
Solidário é a Coopcaps,
que reúne pessoas com depressão
e transtornos mentais.

Todas elas frequentam o
CAPS – Centro de Apoio
Psicossocial e, há alguns anos,
como parte da terapia, passaram
a confeccionar colchas e
roupas e a pintar quadros.

Lúcia disse que o trabalho
tem servido para a
melhoria da auto estima dos
cooperados. Parcerias feitas
recentemente vão garantir
máquinas de costura e uma
sede para o grupo.

“Daí sim vamos definir
uma linha de produção e estratégias
de vendas, fazendo
com que os 27 cooperados
possam ter uma renda mensal”,
comentou Lúcia.

Cooperativas sociais já funcionam na Europa

As cooperativas sociais,
voltadas às pessoas
com menores oportunidade
de trabalho, existem na Itália
desde 1991 e hoje somam
mais de seis mil empreendimentos,
envolvendo 220
mil cooperados.

São empresas solidárias
que reúnem pessoas
com deficiência, com restrições
físicas, presidiários, alcoólicos,
tóxico-dependentes,
sem-teto e pessoas subempregadas.

“Elas nasceram a partir
da força e da influência da
economia solidária da Itália”,
disse Simone Mattioli (foto),
presidente da Legacoop de
Marche, entidade que reúne
as cooperativas sociais dessa
região italiana.

Ele diz que, pela lei, é
função social do governo
apoiar as pessoas em desvantagens.
Isso significa concorrência
diferenciada na contratação
dessas cooperativas.

Esse é um tratamento
aplicado às empresas sem fins
lucrativos, dentro de uma política
de levar trabalho e renda
às pessoas em desvantagens.

Além disso, o governo
não cobra previdência social
e imposto de renda dos cooperados.

Nessas cooperativas,
cerca de 70% das pessoas
são mulheres. “Através das
cooperativas elas conseguem
uma participação
mais efetiva na sociedade,
ocupando espaços e garantindo
renda”, comenta
Estefania Marcone, do departamento
de relações internacionais
da Legacoop.

Ela disse que as mulheres
vêem as cooperativas sociais
como um espaço de
promoção da igualdade de
oportunidade.

“Muitas dessas cooperativas
promovem cursos
de formação e as mulheres
conseguem uma carreira
profissional. A partir daí
elas se vêem como sujeitos
ativos da transformação”,
concluiu.