Vale do Rio Doce: Metalúrgicos vão participar do plebiscito
O Sindicato enviou às
suas representações nas várias
fábricas as cédulas e listas
de votação do plebiscito
popular sobre a privatização
da Vale do Rio Doce.
Uma pergunta deverá ser
respondida: se o trabalhador
acha que a Vale deve continuar
nas mãos do capital privado.
Além da votação nas fábricas,
a categoria poderá votar na assembléia
de sábado ou numa
das centenas de urnas que estarão
espalhadas nas entidades
que apóiam a consulta.
O presidente do Sindicato,
José Lopez Feijóo, explica
que o plebiscito não
quer a reestatização da empresa,
mas sim questionar
uma das maiores maracutaias
do governo FHC. “A Vale
não foi vendida, foi dada. É
um escândalo sem precedentes”,
protesta Feijóo.
Uma série de armações
marcou a privatização da
empresa (veja abaixo). A
maior delas foi o valor de
venda, R$ 3,3 bilhões, quando
o patrimônio da companhia
era calculado em R$ 93
bilhões.
O Tribunal Regional de
Brasília já acatou a anulação
da avaliação da empresa.
Outras 100 ações judiciais
também questionam todo o
processo.
Privatização suspeita
Como o Bradesco participou do consórcio de avaliação da venda da Vale não
poderia participar da compra. É atualmente acionista da empresa.
A consultora norte-americana Merril Lynch tinha, à época do leilão, negócios com
o Anglo American, grupo que participou da venda.
Ou seja, a Merril sabia com muita antecedência que a Vale seria vendida. Essas
relações entre avaliadores e compradores são suficientes para anular a venda.
Faltou aprovação do Congresso Nacional para que a Vale privatizada pudesse
explorar todos os minérios e minerais nucleares, como o urânio. Ela explora 23
milhões de hectares do subsolo brasileiro, a soma de áreas como Pernambuco,
Alagoas, Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte. Assim, fica evidenciada a
sonegação de itens do patrimônio da mineradora.
Não foi incluída na avaliação a maior jazida de ferro de mundo, a Carajás, nem
jazidas de manganês e bauxita. Só depois da venda é que a Vale começou a
explorar jazidas de ouro e nióbio. Daí vem parte dos seus grandes lucros, hoje.
O lucro da Vale no ano passado foi R$ 13,4 bilhões, quatro vezes maior do que
o valor que foi vendida.