Prisão de Cacciola revive corrupção do governo FHC
Banqueiro foi beneficiado por ex-integrantes do governo passado e provocou prejuízo de R$ 1,5 bilhão aos cofres públicos.
Tarso Genro pede extradição de Cacciola
O ministro da Justiça,
Tarso Genro, pediu formalmente
ontem, ao governo de
Mônaco, na Europa, a extradição
do ex-banqueiro Salvatore
Cacciola. Em 2005, a Justiça
brasileira condenou Cacciola a
13 anos de prisão, em regime
fechado, por crime contra o
sistema financeiro nacional.
O escândalo envolvendo
Cacciola ocorreu em
1999, quando FHC desvalorizou
o real. Ele era dono do
Banco Marka que, sem dinheiro
para pagar as mutretas
em que se meteu, recebeu
autorização ilegal do Banco
Central para comprar dólares
abaixo da cotação. Essa
ajuda causou prejuízo de R$
1,5 bilhão aos cofres públicos.
O Banco FonteCindam
também foi beneficiado.
Cacciola chegou a ficar
detido 45 dias, mas foi libertado
após um habeas corpus
concedido pelo ministro do
Supremo Tribunal Federal,
Marco Aurélio Mello. Cacciola
aproveitou e fugiu para
a Itália, onde se escondeu e
vivia como empresário da
construção civil. Voltou a
ser preso ao tentar entrar em
Mônaco.
O governo federal está
jogando pesado na extradição
de Cacciola, pois o exbanqueiro
transformou-se
no símbolo da corrupção e
impunidade entre os criminosos
de colarinho branco
que marcaram o governo
de FHC.
As autoridades também
agem com rapidez porque
Marco Aurélio Mello já disse
que daria o habeas corpus a
Cacciola de novo.
Como vivem alguns envolvidos no escândalo
Os funcionários do
Banco Central (BC) envolvidos
no escândalo são a
prova concreta de que rico
não vai preso no Brasil.
Apesar de condenados
pela Justiça a penas que variam
de seis a 10 anos de
cadeia no mesmo processo
que Cacciola, todos estão
soltos e vivendo muito bem,
enquanto aguardam em liberdade
a conclusão do processo.
Confira abaixo:
Francisco Lopes – Ex-presidente do BC. Condenado
a dez anos por autorizar a
ajuda a Cacciola. Chegou a ser
preso com R$ 1,5 milhão em
dinheiro, mas foi libertado em
seguida. Dá aulas e, nas horas
vagas, faz consultoria.
Teresa Grossi – Ex-chefe
de Fiscalização do BC.
Condenada a seis anos por
liberar R$ 900 mil ao Banco
Marka pouco antes dele falir.
Recebe salários altíssimos de
instituições financeiras.
Claudio Mauch – Ex-diretor
de Fiscalização do
BC. Condenado a dez anos
por permitir Cacciola mandar
milhões de dólares ao
exterior. Contratado por
salários milionários no mercado
financeiro.
Demósthenes Madureira – Diretor de Assuntos
Internacionais do BC.
Condenado a dez anos por
ajudar Cacciola a desviar
R$ 1 bilhão para sua conta
particular. Atua no mercado
financeiro.