Sindicato denuncia novo golpe na Fris
Carta pede que empresários apóiem os antigos administradores da Fris Moldu Car, de São Bernardo, a retomarem a fábrica. Iniciativa pode ser um movimento para pressionar a Justiça a não declarar a falência. Sindicato alerta empresários a não compactuarem com esse golpe.
Corre no ABC uma
carta pedindo que empresas
apóiem os antigos administradores
da Fris Moldu Car, de São Bernardo, a
retomarem a fábrica. Tratase
de um golpe para tentar
devolver a empresa a quem
só a saqueou, prejudicou 300
trabalhadores e vários clientes
e fornecedores.
Numa cópia que a Tribuna
Metalúrgica teve
acesso, a carta afirma que
a reabertura da Fris “continuará
contribuindo com
a geração de novos postos
de trabalho e atendendo ao
mercado que tanto necessita
de produtos de qualidade”.
Para José Paulo Nogueira,
diretor do Sindicato, a iniciativa
de pedir apoio das empresas
revela o movimento de
alguém mal intencionado, que
visa pressionar a Justiça a não
declarar a falência da fábrica
e autorizar a sua reabertura
pelos antigos patrões.
Picaretagem – “Os empresários que forem
procurados não podem
fazer parte dessa picaretagem”,
alertou Zé Paulo. Ele
alerta que, de tão fraudulenta,
a antiga administração quebrou
a Fris e deixou mais de
300 metalúrgicos na mão e
milhões em dívidas. “Assinar
a declaração é o mesmo que
compactuar com essa picaretagem”,
afirmou o dirigente.
“A fábrica fornecia a quase
todas as montadoras. Depois
que José Roberto Riviello
assumiu a administração, há
cerca de cinco anos, a Fris quebrou”,
recorda Zé Paulo.
“Nada contra a reabertura
da fábrica. Desde que
seja feito por alguém sério,
com aos aproveitamento dos
trabalhadores e o pagamento
dos atrasados. O que não
queremos é a volta dos antigos
patrões, que nunca cumpriram
um só acordo assinado com o
Sindicato e saquearam a empresa”,
destaca o dirigente.
Zé Paulo alerta também
os empresários para tomarem
muito cuidado. “É uma
situação complicada e esta
carta é muito nebulosa. Eu
aconselharia qualquer pessoa
a pensar muito antes de
apoiar uma iniciativa dessas”,
diz Zé Paulo.
Luta chega a 238 dias e processo tem seis meses
A luta dos trabalhadores
vem desde 21 de fevereiro,
quando eles pararam
cobrando salários atrasados,
recolhimento de Fundo
de Garantia e INSS.
Desde aquele dia estão
diante da fábrica aguardando
o desfecho do processo
de falência que corre na 7ª
Vara Cível de São Bernardo e sem o pagamento sequer
dos sálarios atrasados.
“Nos perguntamos
porque até hoje a falência
não saiu. É uma situação
estranha. O processo tem
mais de seis meses e a Fris
já perdeu todos os recursos.
Não tem mais pra onde ir”,
enfatiza Zé Paulo.
Ele revela que a empresa
fez um pedido de recuperação
judicial e não conseguiu
provar a viabilidade
da sua recuperação.
A falência é a única
alternativa que os trabalhadores
têm para reaver
alguns direitos, como receber
o que resta do Fundo
de Garantia e pedir o seguro
desemprego.