Você já viu um Saci hoje?
Hoje é o dia do Saci, figura do folclore brasileiro, símbolo da luta por liberdade.
O Saci Pererê circulou
pelas greves dos metalúrgicos
e pelas grandes assembléias
da categoria no estádio de
Vila Euclides nos anos 80.
Quem garante que o negrinho
esteve nesses eventos
é o escritor e saciológo Mouzar Benedito, para quem o saci
tem participação em todos os
movimentos sociais. “Tratase
de uma figura libertária
de nossa mitologia”, afirma
ele.
O exemplo da participação
do Saci nas lutas da
categoria é mais um para o
resgate desse ícone do folclore
nacional. Hoje, 31 de
outubro, é o dia do Saci.
A data foi criada há
quatro anos como um contraponto
ao halloween, ou o
dia da bruxas para os norteamericanos,
incorporada
pelos brasileiros como mais
um modismo. “A bruxa nem
é criação dos americanos.
Nasceu nos antigos povos
do norte europeu, também
como um figura libertária,
e nos Estados Unidos virou
um produto comercial”, explica
Benedito.
Reconhecimento – Uma figura invisível que
só se deixa avistar quando
quer, o Saci acompanha o
imaginário do brasileiro desde
a chegada dos escravos.
Foram eles que resgataram
a figura de um indiozinho
como símbolo de libertação,
lhe deram a cor negra, um
gorro vermelho e lhe tiraram
uma das pernas (não se sabe
qual delas).
A partir daí o Saci passou
por todos os quilombos
e revoltas populares, contribuiu
para a formação de uma
língua nacional e povoou o
imaginário popular como
um sujeito de pequenas maldades.
Esses, segundo Benedito,
são os valores que os
movimentos em defesa do
Saci querem resgatar.
A data foi reconhecida
oficialmente no Estado de
São Paulo e hoje será votada
em Fortaleza, Ceará. Existe
ainda um projeto de lei em
tramitação no Congresso
Nacional.
“Nossa luta é chegar a
ver comemorações em todo
o Brasil, com as crianças ouvindo
histórias do Saci, Iara,
Boitatá, Curupira e muitos
outros brasileiros legítimos
que estão aí para serem festejados,
sem espírito comercial,
como nossos legítimos
representantes no mundo do
imaginário popular e infantil”,
finaliza Benedito, autor
do livro Anuário do Saci,
que pode ser comprado pelo
www.sosaci.org