Vá debater a sua televisão. Assembléia hoje.
O Sindicato debate hoje com os metalúrgicos a viabilização do canal de tevê dos trabalhadores e o que ele irá produzir e transmitir. A assembléia começa às 18h, na Sede do Sindicato.
A conquista do canal de
televisão pelos metalúrgicos
começa a reverter a lógica da
concentração que caracteriza
o sistema de comunicação
social no Brasil. Cinco
grandes empresas produzem
quase todo o conteúdo visto,
ouvido e lido pela população.
“Possivelmente, a nossa
seja a primeira experiência
de uma emissora de televisão
de trabalhadores para
trabalhadores”, enfatiza o
presidente do Sindicato, José
Lopez Feijóo.
Esse é o debate que
ocorrerá hoje com a categoria,
na assembléia que vai definir
a viabilização da emissora
e o que ela irá produzir
e transmitir. A assembléia
começa às 18h, na Sede do
Sindicato. Leia abaixo entrevista
com Feijóo.
O que representa o canal de televisão para os trabalhadores?
É a oportunidade de
falarmos com camadas mais
amplas da população e mostrar
nossa visão sobre os
mais variados assuntos.
A mídia não representa os interesses comuns da sociedade?
Não! O setor de radiodifusão
é entregue à exploração
comercial da empresa
privada através de concessões
da União. As empresas
de comunicação têm em
mãos um bem público e deveriam
usar isso em benefício
do próprio público.
Por que, na sua opinião, isso não ocorre?
Vou citar um exemplo
atual. A mídia está exercendo
várias das funções
tradicionais dos partidos
políticos. Ao praticar um
denuncismo vazio, a mídia
brasileira tem acusado e condenado
publicamente, sem
o devido julgamento, tanto
pessoas como instituições e
desempenhado, assim, indevidamente,
uma função específica
do poder judiciário.
Hoje ela é um ator político,
papel reservado aos partidos,
às entidades sociais, aos
sindicatos, e não aos meios
de comunicação.
Como a emissora do Sindicato poderá mudar isso?
Não vamos ter a ilusão
de que poderemos mudar
isso em um curto espaço de
tempo.
Mas, o ineditismo de
o movimento sindical ser
concessionário de um canal
nos obriga a pensar em
produzir com um novo padrão
de qualidade, em novos
formatos, e abrir a emissora
à participação daqueles
que hoje não tem voz e são
massacrados por um mundo
de informações dirigidas,
pautadas pelo interesse de
poucos. Esse é o debate que
vamos começar a fazer com
a categoria a partir da assembléia
de hoje.
Setor é marcado pelo monopólio
Levantamento do Instituto
de Estudos e Pesquisas
em Comunicação, concluída
em 2002, revela que a Rede
Globo detém a liderança de
propriedades no setor, com
223 veículos próprios ou afiliados
– quase o dobro do que
o SBT ou a Record têm.
Além disso, a Globo
controla 33,4% do total de
veículos ligados às redes
privadas nacionais de tevê
e controla o maior número
de veículos em todas
as modalidades: 61,5% das
emissoras de televisão UHF;
40,7% dos jornais; 31,8%
das tevês VHF; 30,1% das
emissoras de rádio AM e
28% das FM. Em 1990, nove
grupos de empresas familiares
controlavam a grande
mídia no Brasil.
Hoje, são cinco: Globo
(rádios, jornais, revistas,
internete, agências e tevê a
cabo), Record, SBT, Bandeirantes
e RBS (no Sul). O
Grupo Abril, além de tevê a
cabo detém a maior parte
das publicações períodicas
(revistas), e agora
é detendora de toda a
distribuição de meios
impressos no Brasil.
Quanto aos jornais,
atualmente só
existem três publicações
de circulação
nacional: Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e O Globo.