Fris Moldu Car: Trabalhadores protestam contra sentença judicial

Durante ato em frente ao Fórum de São Bernardo, trabalhadores na Fris Moldu Car deram ontem uma grande vaia à sentença do juiz Gersino do Prado, que beneficiou o patrão desonesto.

Reunidos ontem em
frente ao Fórum de São
Bernardo, os trabalhadores
na Fris Moldu Car deram
uma grande vaia à sentença
do juiz Gersino do Prado,
que deu prazo de 60 dias
para os donos da empresa
apresentarem um plano de
recuperação da fábrica.

A sentença contraria
os interesses dos trabalhadores,
que querem a falência
da fábrica para garantir
seus direitos e porque não
acreditam na viabilidade da
Fris com os atuais donos à
frente dela.

“Estamos realizando
este ato de indignação para
mostrar publicamente a insatisfação
dos trabalhadores
com essa decisão”, disse o
diretor do Sindicato José
Paulo Nogueira.

Ele afirmou que o juiz não considerou uma série de
provas sobre a inviabilidade
econômica da empresa, inclusive
pareceres de auditores
do Tribunal Regional do
Trabalho.

“É uma sentença injusta,
favorável ao patrão
picareta e desonesto que
não cumpre com suas responsabilidades”,
protestou
Zé Paulo.

Ele lembrou que o juiz,
ao visitar a empresa, havia
assumido compromisso de
que sua decisão resguardaria
os direitos dos trabalhadores.

“Não foi isso o que
aconteceu. A sentença beneficiou
pessoas que se
enriqueceram às custas de
sonegar direitos trabalhistas.
Agora os donos vão continuar
saqueando a Fris”,
concluiu o diretor.

Resistência por
um País melhor

Durante o ato de indignação
e protesto, o secretário-
geral do Sindicato, Rafael
Marques, ressaltou a garra e a coragem dos
companheiros
e companheiras
na Fris, que estão
mantendo a
luta por quase
dez meses.

“Essa resistência
é a nossa
contribuição
para um novo
Brasil, para um
País diferente”,
comentou ele.

Rafael disse que, se todos
os trabalhadores fizessem
o mesmo que o pessoal na Fris, o Brasil seria
diferente.

“É uma resistência vitoriosa,
no sentido de construirmos
um País onde não
existam trabalhadores
nessa
situação”, afirmou
Rafael.

Ele lembrou
que nos
Estados Unidos
o Congresso
aprovou lei
para dificultar a
falência fraudulenta,
e pediu lei
semelhante aqui no Brasil.

Para Rafael, o lugar do
dono da Fris é na cadeia, pagando
pelo mal que fez.

Decisão do juiz conflita
com sentença do TRT

A sentença de Gersino
do Prado é conflitante com
decisão do Tribunal Regional
do Trabalho (TRT) ao
julgar o processo da greve
do pessoal na Fris.

Em junho, o TRT havia
determinado o arresto
de bens da Fris e do dono
José Riviello para garantir o
pagamento dos direitos dos
trabalhadores.

Na oportunidade, o
Tribunal nomeou uma comissão
fiscalizadora dos
bens arrestados, formada
por seis trabalhadores.

Como a sentença do
juiz Gersino mandou os
trabalhadores saírem da fábrica,
a comissão de fiscalização
do TRT fica dissolvida,
provocando o conflito
de decisões.

Na segunda-feira, a
desembargadora Maria
Aparecida Pellegrina, do
TRT, comunicou que o
arresto dos bens estava
mantido, assim como a comissão
fiscalizadora.

Ela disse que não cabe
ao juiz ultrapassar os
limites de sua competência
e determinar o fim da
comissão.

Em seu comunicado,
a desembargadora frisou
que, constitucionalmente,
a Justiça Comum não deve
tratar de questões trabalhistas.