Fazendo a diferença

Uma historinha diz
mais ou menos assim: “Um
senhor caminhava na praia
no finalzinho da tarde e reparou
num jovem que recolhia
estrelas do mar e as jogava
de volta na água. Ele
perguntou a razão daquilo
ao jovem. A resposta foi que
se as estrelas do mar continuassem
ali até de manhã,
morreriam. O senhor pensou
e respondeu: “São quilômetros
de praia e milhões
de estrela do mar! Esse seu
gesto não fará diferença alguma!”.
O jovem olhou para
a estrela do mar em sua
mão e, jogando-a de volta
ao mar, respondeu: “Para
esta vai fazer diferença”.

Real – No sertão de Minas Gerais
há um educador chamado
Tião Rocha. Um dia,
decepcionado com o processo
de ensino das escolas,
pediu demissão do cargo de
professor da Universidade
Federal de Ouro Preto e
criou o Centro Popular de
Cultura e Desenvolvimento
e a pedagogia do saber
popular, que tem como premissa
o respeito pelo conhecimento
da criança e pela
cultura das comunidades.
Esta é a matéria-prima da
ação pedagógica.

Seu método de educar
já avançou sertão adentro
e alcançou sete estados
brasileiros. No Vale do Jequitinhonha,
um dos cinco
maiores bolsões de miséria
do mundo, Tião criou a
UTI educacional. As mães
neste local são mais do que
mães. São mães cuidadoras
ou educadoras. Apesar
de analfabetas, auxiliam
as crianças, por exemplo,
a aprender as letras com
uma simples receita de biscoito.
Ensinam e também
aprendem.

Dentre as muitas invencionices
do educador
estão a pedagogia do brinquedo
– é possível aprender
brincando – e a pedagogia
do abraço – que por
meio do afeto, com abraços
e oficinas do cafuné, buscam
fortalecer a auto-estima
e a solidariedade.

Aposta – Tião gosta de contrariar
quem o felicita por
conseguir tirar os meninos
da rua. Para ele, lugar de
menino é na rua. A rua é
que deve mudar para tornar-
se um lugar de convívio
e solidariedade. Tião
Rocha sabe que somente
apostando na educação é
que estaremos apostando
num futuro melhor para
todos. Muitos dirão que é
uma ação pequena, diante
de um País tão vasto e
tão populoso. Mas, desde
1984, quando começou sua
jornada, mais de 20 mil
crianças já foram educadas
pelo CPCD. Para essas
crianças ele fez a diferença.

Subseção Dieese dos Metalúrgicos do ABC