Fris Moldu Car: Patrão festeja e trabalhador pena
Enquanto os patrões na Fris Moldu Car se refestelavam ontem num coquetel em comemoração dos 50 anos da fábrica, trabalhadores faziam protesto cobrando 15 meses de salários atrasados.
Uma afronta. Foi assim
que os trabalhadores na Fris
Moldu Car entenderam a
festa realizada ontem pelos
patrões para comemorar os
50 anos da fábrica.
Os companheiros estão
há 15 meses sem receber
salário e, ao que parece, o
plano de recuperação da
empresa não vai quitar a
dívida.
Por causa disso, trabalhadores
e trabalhadoras fizeram
um novo protesto na
porta da fábrica, cobrando
seus direitos.
“Está difícil para a gente
sobreviver”, disse o operador
de injetora Eronildo
Florêncio dos Santos, que
conta com a ajuda do filho,
estagiário como professor
de educação física, para ter
comida em casa. Além disso,
o operador tem problemas
de coluna, o que o impossibilita
de trabalhar.
Dramas como esse são
comuns a todos os trabalhadores,
desde que eles pararam
por atraso no salário em
fevereiro do ano passado.
Complicação – A situação ficou mais
nebulosa no final do ano
passado, quando o juiz da
7º Vara Cível de São Bernardo,
Gersino Donizeti,
acatou pedido dos patrões
para a recuperação da fábrica
e determinou que os
trabalhadores encerrassem
o acampamento que mantinham
desde então.
Logo após entregar o
plano de recuperação à Justiça,
no início deste ano, representantes
da Fris procuraram
o Sindicato com uma
proposta absurda.
Reconheciam apenas
uma parte da dívida trabalhista
e a pagariam conforme
a produção saísse e que bens
da fábrica fossem vendidos.
Ou seja, sem prazo ou garantia
de pagamento.
Picaretagem – “A Fris tentou legitimar
um acordo para dizer que
está negociando dentro do
plano de recuperação. É tudo
uma figuração”, criticou
José Paulo Nogueira, diretor
do Sindicato. A dívida total
com os trabalhadores pode
passar dos R$ 50 milhões.
Zé Paulo explica que a
lei de recuperação manda
a empresa pagar os direitos
em 12 meses, sendo que a
primeira parcela deve ser de
cinco salários mínimos.
“Não há o que comemorar.
A não ser que eles
(patrões) comemorem as
mentiras e a incompetência
por terem quebrado a fábrica”,
finalizou Zé Paulo.