68 entidades lutam pelo acesso à terra
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST é responsável por metade das ocupações de terra no Brasil. As demais ocupações estão divididas entre mais de 60 movimentos
Quando se fala em ocupação
de terra no Brasil o
primeiro nome associado é
o do Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra,
o MST. Porém, existem hoje
68 movimentos de trabalhadores
sem-terra, segundo
catálogo do Núcleo de Estudos
de Reforma Agrária,
coordenado pelo geógrafo
Bernardo Mançano Fernandes,
da Universidade Estadual
Paulista (Unesp).
Segundo ele, a maior
parte desses movimentos
surgiu de forma original,
mas há aqueles que surgiram
de dissidências de dois antigos
movimentos de camponeses:
a Confederação
Nacional dos Trabalhadores
na Agricultura (Contag),
fundada em 1963, e o MST,
surgido por volta de 1984.
Na opinião de Fernandes,
ter no nome a expressão
sem terra talvez seja uma
das explicações para a confusão
da mídia nacional ao
atribuir qualquer ocupação
ao MST.
O fato é que há outros
grupos ocupando terras no
Brasil e que não são, necessariamente,
ligados ao MST.
“Fizemos uma sistematização
do número de ocupações
dos últimos 20 anos
e o MST ocupa 50% delas.
Então, o MST aparece na
mídia porque ele é o mais
atuante”.
Diretriz política – A dissidência ocorre
principalmente por causa
dos princípios. Os movimentos
sindicais e camponeses
têm princípios e diretriz
política. Muitas vezes, os
militantes discordam dessas
diretrizes e criam outros movimentos.
“Em outras vezes, esses
movimentos surgem de
famílias que inauguram a
experiência de ocupação e
constróem um movimento
que depois se duplica, se
triplica, por causa da própria
demanda que existe
pela reforma agrária”, disse
o professor.
Segundo Fernandes, essas
dissidências são resultado
do aumento da demanda
da luta pela terra e não da
diminuição ou enfraquecimento
dos movimentos.
Também são indicativos de
democracia.