Consumo maior e biocombustíveis aumentam preços dos alimentos
Nos últimos nove meses
os alimentos tiveram
aumento médio mundial de
45%. Especialistas apontam
dois motivos principais para
a alta. Um é o aumento do
consumo em todo o mundo.
Outro, é a concorrência
entre a produção de comida
e a produção de biocombustíveis.
“Entre 2003 e 2004, a
alta foi empurrada pela demanda
de países com grande
população pobre que começa
a se alimentar melhor, como
China e Índia”, explica
José Graziano, representante
brasileiro na Organização
das Nações Unidas para a
Agricultura e a Alimentação (FAO).
Programas de combate
à pobreza contribuíram para
acentuar o consumo de comida
em vários países, mas
esse ganho pode ser ameaçado
pelos reajustes nos preços,
que devem prosseguir
nos próximos períodos.
Graziano lembra ainda
que nos últimos 20 anos
diversos países em desenvolvimento
tornaram-se
importadores de alimentos
devido ao crescimento do
consumo interno porém,
ao mesmo tempo, tiveram
uma desaceleração em sua
produtividade e produção
agrícolas.
Segundo a FAO, o comércio
internacional de comida
teve 12% de alta entre
2002 e 2006.
O ex-ministro do Combate
a Fome do governo
Lula explica ainda que a utilização
do milho nos Estados
Unidos para fazer etanol e
de vegetais produzidos na
Europa para os biocombustíveis
pressionam a expansão
de preços.
Esses são temas pelos
quais representantes de diversos
países vão se debruçar
semana que vem na 30ª
Conferência para a América
Latina e o Caribe da FAO,
que acontece em Brasília.
Sobram comida e fome
Apesar dos avanços
dos últimos anos no combate
à fome, ainda existem
81 milhões de pessoas
vivendo em condições
de pobreza extrema na
América Latina e no Caribe
e cerca de 52 milhões sofrem
subnutrição, o que equivale
a 10% da população total.
“Isto é contraditório
com a enorme capacidade
produtora da região”, disse
Graziano. Segundo ele,
a oferta geral de alimentos
é 31% maior que a média
da demanda interna dos
países.