Paraguai: Após 60 anos, Colorados podem sair do poder

Mais de 2,8 milhões
de paraguaios vão
as urnas no próximo
domingo para escolher
o substituto de Nicanor
Duarte na presidência
do país nos próximos
cinco anos. A previsão
é de que o resultado
oficial seja divulgado no
dia 23 de maio. A posse
do novo presidente será
em agosto.

Entre os principais
candidatos estão
Blanca Ovelar (Partido
Colorado), o exbispo
Fernando Lugo
(Aliança Patriótica para
a Mudança – APC) e
o ex-general Lino Oviedo
(União Nacional dos Cidadãos
Éticos – Unace). Para
serem eleitos, basta alcançar
maioria simples dos votos,
não é necessário obter mais
de 50%.

Domingo pode ser a
primeira vez em mais de 60
anos que o Partido Colorado
deixará o poder.

O ex-bispo Fernando
Lugo, novidade da eleição,
liderou em 2006 o
lançamento do Movimento
Paraguai Possível.
Desde março
daquele ano, quando
liderou uma passeata
de 40 mil pessoas
contra o projeto de
reeleição do presidente
Nicanor Duarte, Lugo
se tornou uma estrela
da oposição.

Em dezembro de
2006, anunciou que
abandonava a batina
para se dedicar à política
e concorrer à presidência.

Um dos motes da
campanha de Lugo, conhecido
como bispo dos pobres,
é com montagem de um estado
democrático, que sirva à
maioria da população e não à
pequena elite paraguaia.

Maioria vive em extrema pobreza

Além dos seguidos
golpes e traições partidárias
que quebram a confiança
no partido, outro fator que
pode levar à derrota dos
Colorados é o desrespeito
aos direitos humanos. Segundo
dados da Direção
Geral de Pesquisas, 35,6%
da população paraguaia é
pobre e 19,4% (mais de
1,1 milhão de pessoas), é
extremamente pobre. Na
área rural, esse percentual
chega a 24,4%.

A perseguição política
também é frequente. Nos
últimos anos 78 dirigentes
camponeses foram mortos.
O movimento camponês é
o que mais sofre com a violência
do governo, na luta
pela reforma agrária.

País não consolidou a democracia

Um país que ainda busca
consolidar um regime democrático,
depois de passar
por sucessivos golpes de
Estado, revoluções e guerras.
É assim que o diretor do
Instituto de História do Paraguai,
Hugo Ramon Mendoza
Martinez, descreve o
momento histórico vivido
no país.

Primeiro país latino-americano a conseguir independência
do Império
Espanhol, em 1811, e primeiro
a se declarar uma república,
em 1813, o Paraguai
conheceu logo o que é uma
ditadura militar. Ela durou
entre 1814 a 1840.

Em 1865, veio a Guerra
do Paraguai, contra a Tríplice
Aliança – formada por
Brasil, Argentina e Uruguai.
O conflito deixou o país
devastado. Dois terços da
população morreram (300
mil pessoas), a maior parte
de trabalhadores.

Predominância – Depois desta guerra,
seguiu-se um período de
disputas políticas entre os
partidos Liberal e Colorado.
Os liberais governaram de
1904 a 1936. Nesse período,
houve uma guerra contra a
Bolívia.

Com uma nova revolução,
em 1947, o Partido
Colorado volta ao poder
com o general Alfredo Stroessner.
Ele só deixou o cargo
em 1989, quando sofreu
um golpe liderado pelo seu
colega de partido Andrés
Rodríguez.