Todos têm direito à informação

O ABC, uma das regiões industriais mais ricas do País, é pobre em comunicação. Esse é um dos temas do debate de amanhã com o jornalista Paulo Henrique Amorim, na Câmara de São Bernardo.

A região do ABC é um
dos centros mais industrializados
e, portanto, mais ricos
do país, mas é muito pobre
quando se pensa em comunicação.
Romper essa carência
é o tema central do debate
Direito à Informação
Pública
, com o jornalista
Paulo Henrique Amorim,
amanhã, às 19h, na Câmara
de São Bernardo.

A iniciativa é dos jornais
regionais Repórter Diário,
ABCD Maior, Ponto
Final e da Rádio ABC com
as bancadas de vereadores
do PT, PCdoB, PPS, PTB
(São Bernardo) e a Cátedra
Celso Daniel da Universidade
Metodista.

Para o diretor do ABCD
Maior, Celso Horta, a
idéia é discutir com a população
a necessidade e a
importância da informação
regional. “O ABC, como
um dos maiores mercados
de consumo do Brasil, vive
sob a escuridão do ponto
de vista de informação. Estamos
carentes de mídia e o
cidadão do ABC precisa ter
consciência disso. É mais
fácil saber o que acontece
na avenida Paulista, em São
Paulo, do que o que ocorre
nas cidades daqui. O sentido
do debate é acender uma
luz sobre a necessidade e o
direito à informação do cidadão”,
afirma.

A mídia tem poucos donos

Paulo Henrique Amorim é o convidado
do ato de amanhã
na Câmara. Crítico
do comportamento
da chamada grande
imprensa, o jornalista
fala que é possível
romper o cerco da
concentração dos meios
de comunicação no
Brasil.

Por que o cidadão
comum não se vê nos
meios de comunicação?

Porque a mídia hoje,
no Brasil, é dominada
por três empresas: Folha,
Estado e Globo. É um
país com 200 milhões de
habitantes, e a diversidade
toda do nosso povo é
representada só por três
famílias. Três famílias incompetentes,
péssimos
empresários, herdeiros de
quinta categoria.

É possível romper
esse cerco?

Eu acho que o que dá
para fazer, e a gente pode
fazer, é sacudir a roseira:
reclamar, gritar, encontrar
mecanismos de acessos à
opinião pública, fazer atos
como o de amanhã, ir para
a internete, para as rádios
comunitárias.

E a luta pela democratização
e acesso aos
meios de comunicação?

Acho que não podemos
pensar em democratizar os
meios de comunicação porque
é da natureza da grande
mídia brasileira excluir os
trabalhadores, os pobres. Ao
meu ver, a internete é uma
das melhores alternativas para
quebrar esse monopólio, porque
o acesso aos computadores
vai ficando mais fácil.

Por que o senhor afirma
que a imprensa é hoje
o maior partido de oposição
no País?

As empresas de comunicação
podem tudo,
fazem o que querem. No
Brasil, a lei defende o infrator,
que é a imprensa.
Não protege o consumidor.
A imprensa escrita
tem o poder de caluniar e
difamar. Quer derrubar o
presidente Lula por preconceito
de raça, por ele
ser nordestino; e por preconceito
de classe, por que
ele é pobre.

E como a mídia
opera isso?

Quando você compra
um jornal deveria, teoricamente,
receber um noticiário
isento e ler nas páginas
de opinião aquilo que o pensa
o dono do jornal. Houve
uma inversão e tem opinião
até na previsão do tempo.