Trabalhadores na Mercedes acampam pelo terceiro dia contra as demissões
Foto: Adonis Guerra
O acampamento dos trabalhadores na Mercedes entra hoje no terceiro dia de mobilização contra as demissões. O presidente do Sindicato, Rafael Marques, esteve no local ontem para conversar com os companheiros.
“Essa é mais uma importante ação na luta pelo emprego de vocês, que doaram a vida para a empresa ser o que é hoje”, afirmou Rafael.
Cerca de 300 trabalhadores se revezam no acampamento em protesto contra as 500 demissões de companheiros em layoff (suspensão temporária de contrato de trabalho), anunciadas pela montadora em 25 de maio.
Hoje é o 16º dia de mobilizações e o protesto segue por tempo indeterminado. O acampamento está na praça do cruzamento entre a Av. 31 de Março, Av. Lions e o Corredor ABD, na Pauliceia, em São Bernardo.
“Agora é a resistência dos trabalhadores para fazer a empresa enxergar que existem alternativas. A posição do Sindicato é frontalmente contrária às demissões”, defendeu.
Segundo Rafael, a estratégia é mostrar à direção da empresa que o caminho é outro. “A Mercedes tem negócios indo muito bem lá fora. Em 2011 e 2012, a Alemanha estava em dificuldades e a produção aqui estava bombando”, explicou. “As remessas de lucro daqui foram para a matriz. O tratamento não pode ser diferente quando é o Brasil que está em dificuldade”, prosseguiu.
O Sindicato defende que o governo federal implante o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, para inverter a lógica atual de beneficiar o trabalhador quando ele já está desempregado.
“Estou muito convicto que o governo anunciará o PPE em breve. Será mais um instrumento pra lidar com as crises do capitalismo, que são cíclicas, e preservar o emprego em momentos que a produção estiver em baixa”, afirmou.
O movimento recebeu ontem a solidariedade de companheiros que não estão em layoff, de prestadores de serviços na empresa e de trabalhadores na Ford, Scania e Karmann Ghia.
“Os metalúrgicos do ABC são sinônimos de luta. Vamos perseverar com essas ações contra as demissões”, completou Rafael.
A luta continua!
“Estou aqui porque acredito bastante na mobilização dos trabalhadores. Tenho 11 anos na empresa, casamento marcado para setembro e apartamento para pagar. A luta pelos empregos é de todos e vamos até o final com esperança de reverter a situação.” Augusto Cesar Bim, engrenagem
“Tenho seis anos na montadora e acredito em uma luz no fim do túnel com a luta. Fico preocupado com a situação porque tenho dois filhos. É por eles que estou lutando. O importante é ter saúde para conquistar os objetivos e seguir até a vitória, que será para todos.” Luiz dos Santos Neves, motores
“Trabalho há sete anos na Mercedes, tenho estabilidade e consciência que essa luta é pelo bem coletivo. Quanto mais pessoas participarem, melhor vai ficar o movimento. Tenho sonhos para conquistar, terminar a faculdade de engenharia e comprar minha casa. Amanhã pode ser qualquer um de nós.” Bruna de Oliveira, motores