Novos passos, novas utopias – O pensamento e os desafios que nos unem
Foto: Adonis Guerra
Durante esta semana, cerca de 250 representantes de trabalhadores do campo e da cidade de quatro continentes do mundo estiveram reunidos na Escola Nacional Florestan Fernandes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a ENFF do MST, para debater os Dilemas da Humanidade, tema da 3ª Conferência Internacional.
O presidente do Sindicato, Rafael Marques, destacou a importância do encontro para apontar novos caminhos para os trabalhadores e garantir e ampliar as conquistas dos últimos anos.
“Essa Conferência é um marco porque reúne representantes sindicais e de movimentos sociais de esquerda para uma reflexão do momento da humanidade, com foco na situação dos trabalhadores do campo e da cidade”, disse.
Para ele, é a busca de uma nova teoria que unificará os trabalhadores, como foi a teoria socialista no século passado.
“O socialismo nos possibilitou avanços e estamos em uma outra fase da vida”, completou.
Segundo o presidente, há um avanço de forças conservadoras no mundo para barrar as conquistas da classe trabalhadora e tentar impor uma agenda neoliberal.
“Existe uma articulação da direita neoliberal no mundo. O ataque ao projeto dos trabalhadores no Brasil é semelhante a outros países da América Latina, que conquistaram mudanças sociais importantes com a chegada ao poder de governos populares e participativos”, criticou.
“A classe trabalhadora brasileira se empoderou, sendo oposição nas décadas de 80 e 90, a década perdida e a década roubada”, classificou.
“Os trabalhadores – via lutas sindicais, no campo, nos centros urbanos e em partidos de esquerda – venceram e conquistaram melhora na renda e mobilidade social, com isso houve uma acomodação e um certo abandono da politização e da conscientização”, admitiu.
Rafael afirmou que esse momento é muito oportuno para fazer um balanço de como a vida da classe trabalhadora avançou e estabelecer novas metas para o futuro.
“As ações das entidades de trabalhadores podem apontar um caminho para ampliar a politização dos trabalhadores, por meio de uma luta permanente capaz de fazer a ofensiva aos meios de comunicação tradicionais e expor mais claramente aos trabalhadores os sofisticados sistemas de dominação no mundo”.
Para o presidente dos Metalúrgicos do ABC os movimentos sindicais e sociais precisam retomar uma politização mais intensa no campo da cultura, da educação e da comunicação.
“Estamos voltando a dar passos, olhando a ação da cultura, da educação e da comunicação como espaços importantes de luta”.
“Temos que pensar novos passos, novas utopias. Qual agenda nos unifica hoje? Qual é o pensamento e os desafios que nos unificam?”, questionou.
Para Rafael, a direita se articula em setores da burguesia, mas não em seu todo.
“A ofensiva conservadora é mais intensa na imprensa burguesa e na burguesia financeira”, avaliou.
“Mas há espaço para a composição de setores patronais que dependem de um modelo desenvolvimentista e distributivo”.
O presidente acredita que há possibilidade de manter uma pauta muito consistente dos trabalhadores, que não permita retirada de direitos.
“Para ter acordo tem que respeitar e ampliar direitos. Se é para desregulamentar e precarizar terá dificuldade em fazer uma aliança”, sentenciou.
“Por isso, temos que dar uma resposta imediata à questão dos trabalhadores, esse é o papel do movimento sindical”, concluiu Rafael.
Da Redação.