Trabalhadores na Ford entram em greve por tempo indeterminado

Foto: Edu Guimarães

Em assembleia na manhã de ontem, os trabalhadores na Ford, em São Bernardo, aprovaram por unanimidade a greve por tempo indeterminado até que a montadora reverta cerca de 200 demissões anunciadas.

“Não vamos aceitar essa postura arbitrária e irresponsável da empresa. Agora é greve até que a Ford volte a conversar e reveja as demissões”, afirmou o diretor executivo do Sindicato e CSE na montadora, Alexandre Colombo.

“Os trabalhadores foram chamados em grupos e as chefias avisaram que seriam desligados a partir do dia 21 de setembro. Nós não esperávamos isso. Há mais de um ano conversamos com a fábrica em busca de alternativas para a queda na pro­dução”, contou.

Parte dos 200 trabalhadores chamados estavam na fábrica e a outra parte no grupo em layoff (suspensão temporária de contrato de trabalho) e banco de horas. “Não podemos aceitar essa medida unilateral da empresa. O nosso empenho é para voltar a nego­ciar, como tem sido feito nos últimos 15 anos em um processo democrático”, disse o diretor.

O coordenador geral do SUR e CSE, José Quixabeira de An­chieta, o Paraíba, ressaltou a capacidade de organização e luta dos trabalhadores. “Já tivemos a Greve dos Golas Vermelhas em 1990, que durou 50 dias, e as 2.800 demissões anunciadas na véspera do Natal de 1998, que nós não aceitamos”, contou.

“Com essa atitude, a fábrica rasga parte do acordo existente. Isso mostra o rompimento das negociações com o Sindicato”, disse Paraíba. Em março deste ano, foi aprovado o acordo que garantia estabilidade de emprego até 2017, além de PLR e os índices de reajuste salarial.

“Hoje são 200, mas a montadora já informou que terá de re­duzir ainda mais a velocidade da linha de produção em janeiro. Ou seja, amanhã o excedente pode ser ainda maior. A luta contra as demissões é de todos”, alertou.

Não houve produção ontem e os trabalhadores voltaram para suas casas. Os encaminhamentos da greve serão feitos a cada dia na porta da fábrica.

Da Redação.