Editorial do presidente do Sindicato, Rafael Marques, com a retrospectiva 2015

Foto: Adonis Guerra

 

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Este ano foi intenso. O Sindicato, seus dirigentes e os trabalhadores foram muito combativos ao longo de 2015 e atenderam os chamamentos que fizemos com muita garra.

Sofremos com a crise, mas os efeitos que sentimos são menores que a queda da atividade do setor automotivo. Nossa capacidade de resistir foi reafirmada nas vitórias das greves na Volks, na Mercedes e na Ford. Na negociação na Scania e pela resistência nas empresas de autopeças.

Houve um enfrentamento muito forte, mas a capacidade de organização dos trabalhadores permitiu que chegássemos ao final do ano com um saldo positivo em relação aquilo que conseguimos evitar.

A luta contra a precarização, imposta pelo Projeto de Lei 4330 aprovado na Câmara Federal e barrado no Senado, norteou a nossa Campanha Salarial.

Conquistamos a reposição da inflação e conseguimos fazer acordos de Participação nos Lucros e Resultados, que resultaram em crescimento de 19% sobre o ano passado. O nosso salário médio aumentou por conta do esforço das negociações de planos de cargos e salários.

A vitória mais significativa que tivemos em 2015 foi o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, que nasceu como proposta deste Sindicato há quatro anos e se tornou um importante instrumento de preservação dos postos de trabalho em tempos de baixa produção, como este que estamos vivendo.

Neste cenário, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é protagonista nos debates sobre a retomada do crescimento no Brasil, com a proposta de Renovação da Frota de Caminhões, construída coletivamente com os representantes do setor.

Para nos ajudar nestes debates, tivemos o privilégio de contar, por diversas vezes neste ano, com a presença do ex-presidente Lula em nossa casa, para refletir sobre as nossas ações – no Seminário da Diretoria, com a juventude, ou rememorando os 35 anos da greve de 80. É uma mistura de reflexão do passado, olhar sobre o presente e apontar caminhos para o futuro.

O exemplo que ele nos transmite é o da democracia e da participação, como aconteceu no 8º Congresso dos Metalúrgicos do ABC e também nos Congressos da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM-CUT; da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT; da CUT São Paulo e da CUT Nacional.

Os congressos foram a marca da inclusão. Chegamos ao final do ano, com a tarefa de realinhar o projeto de País da classe trabalhadora neste ambiente radicalizado pela política irracional, semelhante ao 2º turno das eleições do ano passado. Estamos comprometidos com o processo democrático, com o Estado Democrático no Brasil e vamos defender que não pode ter mudança com base em golpe.

Não aceitaremos a chantagem e esse escárnio que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, apresenta à sociedade. As instituições têm que funcionar sem esse espírito de vingança e ódio, que está dominando a pauta, reiterando que a operação Lava Jato queimou parte do esforço econômico. A sociedade quer o combate à corrupção, mas também quer a continuidade do crescimento e essa questão tem que ser resolvida.

Essa é uma oportunidade de redefinição para que os próximos três anos sejam pautados pelo crescimento, pela distribuição da renda e pela continuidade dos projetos sociais. Isso só vai acontecer com a presidenta Dilma Rousseff, para que nós possamos ingressar 2016 sempre com muita luta, muita disposição e muita garra. Os trabalhadores e trabalhadoras têm pressa, muita pressa. E esperança. Rafael Marques Presidente dos Metalúrgicos do ABC.

Rafael Marques

Presidente dos Metalúrgicos do ABC