À juventude

(Foto: Edu Guimarães)

Cada trabalhador e cada trabalhadora do Brasil tem que ter a consciência da ameaça que estamos vivendo e da urgente necessidade de restabelecermos a tolerância social e garantirmos a democracia.

Os movimentos que não respeitam o resultado das urnas são fascistas e produzem um único produto: o ódio. Querem a volta da ditadura, que este Sindicato sempre combateu.

Esta é a nossa origem, está no nosso DNA, quando os metalúrgicos do ABC ousaram enfrentar a ditadu­ra no final da década de 70, vivíamos algo semelhante ao que acontece hoje.

Naquele período, já tínhamos a convicção de que os Estados de exceção não trazem nada aos trabalha­dores, após longos anos de ditadura, estávamos tão pobres como antes do regime, que assolou o Brasil e muitos países da América Latina.

É importante que nós, metalúrgicos do ABC, nos reencontremos com a nossa história de luta pela democracia.

Não se trata, portanto, de defender um governo ou um partido. Ou ainda, defender o ex-presidente deste Sindicato, o companheiro Lula, que seria uma obrigação pelo espírito solidário da categoria.

O que está em jogo, neste momento, é muito mais que isso, é a defesa de tudo que construímos juntos, como companheiros, e a inclusão social que começou com a eleição do primeiro metalúrgico presidente da República, que a elite brasileira se recusa a aceitar.

É importante que tenhamos em mente os com­panheiros operários que foram perseguidos nas fábricas, denunciados pelas chefias, que apoiavam o golpe contra a nação.

Estes trabalhadores eram obrigados a executar qualquer tipo de ordem e a se sujeitarem aos mais humilhantes absurdos, e indecentes tipos de assédio.

Tinham de se calar, não podiam reivindicar nada e nem ao menos fazer uma simples reunião. Era o mundo ideal dos patrões e da Fiesp, que teve papel central na ditadura.

O clamor dos jovens operários dos anos 60 e de hoje juntaram-se na Avenida Paulista, na última sexta.

Os nossos jovens de ontem, de bengala na mão, ainda dizem: o Brasil não pode repetir aquela época. Os de hoje, engrossam este coro: não vai ter golpe!

As nossas homenagens aos jovens de ontem e de hoje. É assim que se constrói uma sociedade justa pra valer.

Rafael Marques

Presidente do Sindicato