“É urgente fortalecer a capacidade de resistência internacional dos trabalhadores”

(Foto: Edu Guimarães)

Durante a abertura do seminário “Realidades e pers­pectivas de colaboração no setor automotivo” ontem, o presidente do Sindicato, Rafael Marques, destacou a im­portância de unidade e articulação entre os trabalhadores no mundo para defender conquistas e evitar retrocessos. O encontro na Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, reúne sindicalistas do Brasil, Ale­manha, Argentina e México e será realizado até amanhã.

“Temos que aprimorar os modelos de desenvolvi­mento interessantes aos trabalhadores e alertar sobre a retirada de direitos com o avanço da onda conservadora no mundo, já que os patrões obtiveram condições de precarização em outros países”, explicou. Saiba mais sobre a situação na Argentina na página 4.

“O setor automotivo é altamente globalizado, com ma­trizes concentradas na China, Índia, Japão, EUA, Itália, Alemanha e França, e muitas fábricas distribuídas no mundo. Sempre que as matrizes tomam uma decisão, podem prejudicar os trabalhadores de outros países”, prosseguiu.

De acordo com Rafael, existem experiências desinte­ressantes para a classe trabalhadora e citou o exemplo do México. “Os empresários olham para o México e veem o que querem para o Brasil, com menos direitos traba­lhistas, salários menores e relações de trabalho e sindicais fragilizadas”, disse.

Rafael lembrou os 55 projetos em tramitação no Con­gresso Nacional que ameaçam os direitos conquistados, entre eles o projeto que libera a terceirização total nas empresas e acaba com a CLT. “Os patrões querem en­fraquecer a capacidade de resistência dos trabalhadores e retirar direitos. Com o governo mais próximo dos trabalhadores, é mais difícil implantar uma pauta como essa”, analisou.

“Por isso, é fundamental saber o que acontece em cada país e trocar informações entre os trabalhadores para proteger as conquistas, os direitos e não permitir retrocessos”, defendeu.

Para o presidente do Sindicato, é preciso conhecer como estão as políticas nacionais direcionadas ao setor automotivo e avançar nas relações internacionais entre os trabalhadores. No caso do Brasil, citou o Regime Automotivo, o Inovar-Auto, como exemplo de política industrial que permitiu a vinda de fábricas para o Brasil, a nacionalização de conteúdos e o desenvolvimento de pesquisa e tecnologia.

“Queremos a continuidade de políticas de geração de emprego, renda e de fortalecimento da indústria. Os trabalhadores precisam estar cada vez mais integrados contra o ataque em andamento à democracia e os direitos conquistados”, disse.

Rafael também afirmou a necessidade de um padrão de relação internacional para ampliar a capacidade de luta por uma agenda de distribuição de riquezas orientada pelo equilíbrio entre os países.

“Nunca foi tão urgente fortalecer as relações interna­cionais e a capacidade de resistência dos trabalhadores. Não podemos perder o sentido de unidade, solidarie­dade e articulação entre os trabalhadores, sindicatos e categorias no mundo para estar presente na tomada de decisões, conquistar e garantir direitos e fortalecer a classe trabalhadora”, conclui.

Da Redação