“A democracia permitiu uma evolução fantástica da classe trabalhadora”
(Foto: Adonis Guerra)
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou no domingo, dia 17, a abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff com 367 votos a favor, 137 contra, sete abstenções e duas ausências. A discussão seguiu ontem para o Senado, que criará uma comissão especial para discutir o processo. Reunião de líderes hoje, 11h, vai tratar dos prazos e composição da Comissão.
Em seguida, os senadores votam o parecer da comissão para confirmar ou não a decisão dos deputados de permitir a abertura do processo. Se aprovado por maioria simples (41 votos), a presidenta é afastada por até 180 dias, prazo de julgamento do processo do impeachment pelo Senado, e o vice, Michel Temer, assume a presidência interinamente. Uma eventual condenação dependerá do voto de dois terços dos senadores (54 votos de um total de 81). Se condenada, Dilma perde o mandato e fica inelegível por oito anos. Se absolvida, reassume o mandato imediatamente.
O presidente do Sindicato, Rafael Marques, destacou a importância da democracia para a classe trabalhadora do País. “A vida dos trabalhadores do ponto de vista econômico, social e da força de organização ganhou quando o Brasil passou a ter ares democráticos. Isso permitiu uma evolução fantástica da renda, dos direitos, das conquistas das famílias e da educação dos filhos”, afirmou.
“A democracia ajudou em tudo e, por isso, nós não podemos concordar com a ruptura democrática no Brasil feita pelos que têm interesses em retirar direitos da classe trabalhadora”, alertou. “Nós precisamos lutar pela democracia de qualquer jeito”, prosseguiu.
O presidente disse que o Sindicato continuará fazendo seu papel na luta pela agenda dos trabalhadores. “Não existe sentimento de derrota na classe trabalhadora, que é capaz de se reinventar na luta com capacidade combativa. Os Metalúrgicos do ABC continuam na defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores e na busca por novas medidas pela retomada do crescimento econômico no Brasil”, ressaltou.
Entre as medidas defendidas pelo Sindicato estão o Programa Nacional de Renovação da Frota de Veículos, pela ampliação do crédito, pela correção da tabela do Imposto de Renda, contra a reforma da Previdência, contra a precarização do trabalho e por mudanças na política econômica.
“É preciso muita unidade na categoria, disposição de luta e resistência contra qualquer tentativa de retirada dos direitos duramente conquistados pelos trabalhadores. O Brasil precisa de entendimento para superar a crise política e reorganizar a atividade econômica. A luta continua”, concluiu Rafael.
Não aceitamos o golpe contra a democracia e nossos direitos!
Confira trechos da nota da CUT abaixo. A íntegra está disponível no site do Sindicato.
17 de abril entrará para a história da nação brasileira como o dia da vergonha. Uma maioria circunstancial de uma Câmara de Deputados manchada pela corrupção ousou autorizar o impeachment de uma presidente da República contra a qual não pesa qualquer crime de responsabilidade!
As forças sociais e políticas que alimentaram essa farsa têm o objetivo de liquidar direitos trabalhistas e sociais do povo brasileiro.
Por isso a CUT conclama os trabalhadores a não sairem das ruas e continuarem o combate contra o golpe por meio de todas as formas de mobilização e com pressão agora sobre o Senado, instância que julgará o impeachment da presidente Dilma sob a condução do ministro Lewandowski do STF.
A CUT desde já afirma que não reconhecerá legitimidade num eventual governo Temer e combaterá cada uma das medidas que vier a adotar contra nossos empregos e salários, contra nossos direitos sociais e trabalhistas duramente conquistados e em defesa da democracia, da soberania popular e da soberania nacional.
Continuaremos na luta até reverter o golpe em curso e restabelecer a plena democracia em nosso País, o que passa por uma profunda reforma do sistema político atual, verdadeira forma de combater efetivamente a corrupção.
A luta continua!
Central Única dos Trabalhadores