Metalúrgicos param para fortalecer as negociações da FEM-CUT

Luizão

(Fotos:Edu Guimarães)

Os trabalhadores nas empresas ANC Usinagem, Super Finishing, Conex, Nhozinho, Miroal, Qualimolde e Paschoal, todas em São Bernardo, aprovaram por unanimidade o compromisso de luta para manter os direitos e para conquistar um bom acordo durante as negociações da Campanha Salarial deste ano.

A assembleia foi realizada na manhã de ontem, no corredor da Avenida do Taboão ao lado da Paschoal, com debate sobre a pauta deste ano: não à terceirização e à perda de direitos; estabilidade e geração de empregos; reposição integral da inflação mais aumento real, valorização dos pisos e jornada semanal de 40 horas.

Além dos eixos da Campanha, as ameaças de retiradas de direitos e retrocessos nas conquistas dos trabalhadores em curso também foram apresentadas aos companheiros.

Rafael

O presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT, a FEM-CUT, Luiz Carlos da Silva Dias, o Luizão, alertou para o risco de o ministro interino da Casa Civil, Eliseu Padilha, apoiar, durante evento com empresários, a terceirização no Brasil. “Esse é o primeiro sinal de alerta para nós, de que a ideia de terceirização pode ganhar mais força, já que esse governo interino não tem compromisso com os trabalhadores”.

Luizão também criticou a sugestão do empresário Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria, a CNI, de elevar a jornada de trabalho no Brasil para 60 horas semanais.

“Um sujeito despreparado e provocador deu uma sugestão absurda dizendo que a jornada de trabalho no Brasil pode ser de até 60 horas. Ele disse isso porque conversou com Temer e com o presidente da FIESP que acham isso possível. Portanto, o momento em que vivemos é muito delicado”, avaliou.

Durante a entrega da pauta, na semana passada, a FEM-CUT recebeu uma contra pauta do sindicato patronal.

“A sensação que tivemos foi de estranhamento, porque ouvimos os empresários dizerem que deveríamos nos preocupar em manter empregos, mas na pauta dos patrões não tem nenhuma cláusula de garantia de postos de trabalho”, observou o presidente da Federação.

Morcegão

“Precisamos começar a dizer ‘não’ agora, porque eles estão propondo que o salário seja congelado por dois anos. Não aceitamos isso, não vamos permitir esse tipo de ataque”, completou o coordenador de São Bernardo, Nelsi Rodrigues, o Morcegão.

O presidente do Sindicato, Rafael Marques, reforçou que o momento é difícil, mas lembrou da trajetória de sucesso nas negociações. “De 2003 a 2014, em toda Campanha Salarial, tivemos aumento real, reposição da in_ ação e sempre cláusulas novas conquistadas na Convenção Coletiva”.

Para alertar sobre a situação no Brasil, o presidente citou como exemplo as graves consequências sociais e econômicas vividas por conta da crise enfrentada pela Grécia, Portugal e México. “Nesses países vive-se um retrocesso e vai demorar mais de 10 anos para retomar o que era antes”.

“No México, com a aliança entre governo, empresários e mídia, eles conseguiram derrotar o movimento sindical e os trabalhadores. Tanto que hoje, o trabalhador mexicano de uma estamparia recebe metade do que se paga no Brasil, com uma jornada de trabalho maior do que a nossa”, destacou.

“É uma tarefa nossa não permitir a ‘mexicanização’ do nosso País e das condições de trabalho. Esta Campanha Salarial será um momento muito oportuno para lutarmos pela valorização dos salários, dos pisos, redução de jornada, contra a terceirização e contra qualquer retirada de direitos”, completou.

Da Redação