“Defesa da Petrobras é fundamental para a construção do País”

 

(Foto: Adonis Guerra)

O ex-presidente da Petrobras no período de 2005 a 2012, José Sergio Gabrielli, afirmou em debate com o Conselho da Executiva do Sindicato que a estatal não é uma empresa quebrada. Ele desconstruiu os ataques que a imprensa comercial e setores conservadores da sociedade fazem com interesse apenas em lucrar no curto prazo, e não em um projeto nacional de crescimento do País.

A discussão sobre o setor de petróleo e gás, perspectivas de crescimento e ameaças com o projeto do então senador tucano, José Serra, de entrega do Pré-Sal ocorreu na terça, dia 12. Gabrielli destacou que o petróleo continuará sendo a principal matriz energética e que as reservas potenciais conhecidas no mundo vão durar mais de 500 anos.

“Entre 2016 e 2018, a dívida que precisa ser paga é de R$ 196,3 bilhões, sendo que a projeção de faturamento da Petrobras, no mesmo período, é de R$ 848 bilhões”, explicou (Gráfico 1).

De acordo com Gabrielli, o problema no caixa da Petrobras é de curto prazo devido ao preço do petróleo, ao aumento do câmbio nos últimos dois anos e à crise na cadeia de fornecedores. “Não é verdade que o problema da Petrobras é permanente nem é verdade que o petróleo vai acabar em um horizonte de 40 anos”, afirmou.

“No petróleo, nada é a curto prazo. É preciso olhar a longo prazo as perspectivas de crescer e fazer com que essa riqueza gigantesca se transforme em riqueza para toda a sociedade”, prosseguiu.

Ele apresentou os dados da estatal que o atual presidente, Pedro Parente, divulgou na segunda, dia 11, aos investidores. “A dívida diminui em 2017 e 2018 e o fluxo de caixa é positivo há quatro trimestres consecutivos, desde o segundo trimestre de 2015. São os dados que mostram que a Petrobras não é uma empresa quebrada”, defendeu (Gráfico 2).

O balanço produtivo mostra que a estatal fechou o mês de junho com produção média de 2,9 milhões de barris de óleo e gás por dia, novo recorde médio mensal. Já no Pré-Sal, o aumento da produção diária foi de 8% em relação ao mês anterior, com 1,24 milhão por dia.

No cenário mundial, Gabrielli afirmou que o Brasil é um grande fornecedor de futuro, já que os países que mais crescem atualmente, como China e Índia, são consumidores de petróleo. “Se o mundo vai crescer, vai buscar onde tem produção. E o Brasil é um grande produtor. A demanda brasileira vai aumentar”, garantiu.

ENTREGA DO PRÉ-SAL

O ex-presidente também chamou a atenção para a ameaça do projeto do então senador José Serra, do PSDB, em fase final de aprovação na Câmara dos Deputados, que entrega o Pré-Sal brasileiro para empresas multinacionais, principalmente as norte-americanas, ao tirar a exclusividade da Petrobras de ser a operadora única.

“O operador é o que toma todas as decisões, define fornecedores e acumula o conhecimento. Ao entregar o Pré-Sal, dificilmente a cadeia produtiva nacional vai crescer. É quase um projeto de lesa-pátria”, destacou.

Ele citou a produtividade como garantidor da sustentabilidade do Pré-Sal. Por exemplo, em 36 anos, de 1953 a 1989, foram 5.748 poços com 110 barris por poço em terras e águas rasas. Já em nove anos, de 2006 a 2015, foram 25 poços e 26 mil barris por poço no Pré-Sal da Bacia de Santos (Gráfico 3).

“Essas empresas multinacionais não têm a capacidade que temos aqui e todas serão mais caras do que a operação da Petrobras. O conhecimento, a tecnologia e a equipe treinada levaram à redução de 57% do tempo para alcançar os primeiros 650 mil barris por dia”, contou (Gráfico 4).

Gabrielli alertou que a atual diretoria quer desintegrar a Petrobras ao vender a Transpetro, Liquigás, BR Distribuidora, fertilizantes, tubulações, termoelétricas, entre outros bens, se não houver uma grande mobilização nacional. “É um suicídio e um erro vender barato os ativos da Petrobras. Se a empresa é integrada, ganha com o mercado subindo ou descendo”, defendeu.

Outra medida criticada é desfazer a política de conteúdo nacional. “O que fizemos viabilizou de 130 a 140 mil empregos. Se a Petrobras não for a única operadora, as empresas vão contratar onde quiserem e trazer de fora porque não têm escala para produzir aqui separados”, advertiu.

Sobre a Operação Lava Jato, disse que as investigações são importantes para combater a corrupção, mas que passou a ser usada politicamente. “A Operação causou um efeito cascata nas empresas e paralisou projetos. Os trabalhadores petroleiros não podem sofrer com esse massacre”, concluiu. O presidente do Sindicato, Rafael Marques, afirmou que a descoberta de petróleo na camada do Pré-Sal foi resultado de muito investimento na Petrobras. “Isso voltou os olhos do mundo para o Brasil e explica, em grande parte, esse ímpeto de internacionalizar o setor. O projeto do Serra vai prejudicar imensamente a indústria nacional, já que estamos falando de uma cadeia de fornecedores geradora de 400 mil empregos”, destacou.

“Esse debate precisa ser levado à sociedade. Temos de enfrentar essa discussão, que será fundamental para a construção do País que queremos”, finalizou. 

 

 

Da Redação