Trabalhadores na Mercedes fazem “apitaço” contra demissões

(Fotos: Adonis Guerra)

Mobilizados contra a ameaça de demis­sões na Mercedes, em São Bernardo, os traba­lhadores realizaram ‘apitaços’ em passeatas internas. On­tem de manhã cerca de 800 companheiros nos setores de caminhões e desenvolvimento paralisaram a produção em ato pela fábrica. Na sexta, dia 5, 800 metalúrgicos no setor de eixos realizaram o movimento com apitos e matracas.

“O importante é a unidade entre os companheiros. O objetivo é fazer com que a empresa ouça o barulho dos apitos e também da solidarie­dade aqui na fábrica”, disse o diretor de Comunicação do Sindicato, Valter Sanches. “A luta é de todos e não vamos aceitar o posicionamento da empresa”, afirmou.

Após as passeatas internas nos dois dias, os compa­nheiros se reuniram em atos conjuntos com o pessoal em licença remunerada na porta da fábrica. 

“Não existe diferença en­tre nós. São os trabalhado­res integrados e unidos que podem encarar a realidade e buscar soluções conjuntas com criatividade e inteli­gência”, afirmou o diretor Administrativo do Sindicato, Moisés Selerges.

O dirigente ressaltou que a pressão de todos é funda­mental para encarar a crise econômica e a queda do vo­lume de produção na fábrica.

“Temos dois grandes desa­fios. O primeiro é convencer a empresa a ir para a mesa de negociação, pois ela tem se mostrado irredutível, e vamos lutar para que isso aconteça com muita mobili­zação”, destacou. “Se conse­guirmos, o segundo desafio será construir uma proposta viável para dar conta desse momento difícil que atraves­samos e defender os empre­gos”, prosseguiu.

Os encaminhamentos da luta serão definidos a cada dia até que a montadora aceite iniciar uma negociação com o Sindicato na busca de alternativas que preservem o emprego.

“A fábrica precisa se abrir para a negociação com os trabalhadores. Não vamos aceitar demissões sumárias”, concluiu.

O movimento teve início na quinta-feira passada, 4, quando os trabalhadores aprovaram em assembleia a paralisação do trabalho durante todo o dia e a dis­posição de luta contra as demissões.

A mobilização é uma re­ação ao comunicado que a montadora divulgou na ter­ça passada com a intenção de demitir mais de dois mil companheiros considerados excedentes.

A empresa não quer dis­cutir mecanismos para evitar demissões e atravessar o mo­mento, como o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, e o layoff.

Da Redação