Metalúrgicos protestam na Anchieta contra demissões na Mercedes

(Foto: Adonis Guerra)

Contra as demissões anunciadas por telegramas pela Mercedes, mais de sete mil companheiros ocuparam a via Anchieta, em São Bernardo, na manhã de ontem. A passeata teve início após assembleia na porta da fábrica, seguiu pelas avenidas 31 de Março e Taboão até a rodovia e retornou para a montadora. Os trabalhadores estão convocados hoje, às 9h, na porta da fábrica.

“A nossa luta é nas ruas com muita disposição e garra para defender os empregos e chamar a atenção da sociedade para a gravidade da situação. As manifestações serão definidas a cada dia até que a empresa aceite negociar alternativas que preservem os empregos”, disse o diretor Administrativo do Sindicato, Moisés Selerges.

Após a caminhada até a Praça da Matriz na quarta, 17, a direção da empresa marcou reunião para o mesmo dia.

(Foto: Adonis Guerra)

“A conversa não teve avanços e ainda disseram que não têm permissão da Alemanha para discutir com a gente. As negociações estão travadas”, explicou. “Por isso, vamos chamar a atenção da di­reção mundial e mostrar que aqui somos trabalhadores, pais e mães de família, e precisamos ser tratados com respeito”, prosseguiu.

O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, criticou a postura da fábrica perante os trabalhadores. “Não vamos aceitar essa manei­ra covarde de demissões por telegramas. Jamais fariam isso na Alemanha e vamos mostrar que aqui não é quintal deles”, disse. “A mobilização será a cada dia para pressionar a fábrica a abrir negociação”, defendeu.

O deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT-SP), contou que foram muitos os momentos difíceis na fábrica. “O mais grave agora é o patamar de relacionamento com esse desrespeito. A companheirada unida demonstra que não ficaremos quietos nem baixaremos a cabeça”.

Para o coordenador do CSE na Mercedes, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max, a montadora tenta priorizar a desunião dos trabalhadores. “É importante a nossa organização e também o apoio da sociedade para fortalecer a resistência. É só na luta que conseguimos mudanças”, concluiu.

A Mercedes começou a enviar os telegramas de demissão na segunda, 15, e colocou todos os companheiros na planta em licença remunerada. No dia 2, a empresa divulgou comunicado com a intenção de demitir mais de dois mil trabalhadores considerados excedentes.

Da Redação