Lula alerta sobre o avanço da precarização do trabalho no mundo

(Foto: Adonis Guerra)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva par­ticipou na terça-feira, dia 4 da abertura do 2º Congresso da IndustriALL Global Union, a federação internacional dos trabalhadores na indús­tria, no Rio de Janeiro.

Para um auditório lotado com mais de 1.300 sin­dicalistas de todo o mundo, Lula destacou por várias vezes em seu discurso que a luta deve continuar. “A luta continua” é o lema do evento este ano.

“Quando terminei a presidência, achei que a luta tinha terminado. Mas estou vendo que a luta con­tinua”. O ex-presidente relembrou sua trajetória no movimento sindical até a presidência da República no combate à fome e pelo desenvolvimento do Brasil.

Lula assinalou que no mundo todo a situação não está fácil para a classe trabalhadora. “A diferença é que nos países pobres os trabalhadores não conseguem o que os trabalhadores europeus têm. E hoje, os euro­peus estão sob ameaça de perder suas conquistas e os trabalhadores dos países pobres de terem menos direitos ainda”, avaliou. “Sem luta, a classe trabalha­dora não vai a lugar nenhum”, reforçou. 

O ex-presidente lembrou que quando estava no G20 era o único representante que os trabalhadores tinham para apresentar sua pauta no fórum das maio­res economias mundiais.

(Foto: Adonis Guerra)

No Brasil, recordou que a indústria naval só tinha 2 mil trabalhadores quando chegou à Presidência da República, e que foram gerados 82 mil postos de tra­balho nessa indústria entre 2003 e 2014 e que, desde então, já foram perdidos 40 mil. “Não podemos deixar que as nossas sondas e plataformas sejam produzidas na China e na Coreia”, disse.

“Toda vez que um governante falar em cortes nos gastos públicos, significa não investimento em obras de infraestrutura, desemprego e redução de salários dos trabalhadores”, alertou.

Lula falou ainda sobre o golpe parlamentar contra a presidenta Dilma Rousseff e sobre os retrocessos que o País está enfrentando. “Uma mulher honesta não conseguiu governar o seu segundo mandato, porque uma direita chegou à conclusão de que era preciso evitar que essa mulher continuasse governando o Brasil. Fizeram um golpe parlamentar e agora estão prometendo aos trabalhadores algumas coisas que serão um retrocesso extraordinário”, completou Lula.

“O papel do movimento sindical sempre foi e continuará sendo o de contestar, reivindicar e propor”, concluiu o ex-presidente.

O presidente dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Mar­ques, destacou a importância de os trabalhadores da indústria prestarem solidariedade ao ex-presidente e líder sindical. “Lula é a liderança que representa os ideais que estamos defendendo no 2º Congresso da IndustriALL, de autonomia sindical, democracia, in­clusão e preservação de direitos. Ele é um símbolo que cabe muito bem no espírito deste encontro mundial e é fundamental a solidariedade internacional neste momento”.

Para o presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, Paulo Cayres, o Paulão, a classe trabalhadora é internacional e tem o objetivo histórico e imediato de defender os direitos. “Temos direito à nossa história, a de construirmos a nossa existência de forma digna e autônoma”, afirmou.

Da Redação