“O compromisso de Temer é com banqueiros e empresários”, diz Lula

Foto: Adonis Guerra

Na reunião da Diretoria Plena do Sindicato realizada na manhã de sexta-feira, dia 16, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as medidas recentes anunciadas pelo governo federal. Entre elas estão o pacote econômico de ontem, a reforma da Previdência e a Proposta de Emenda à Constituição, a PEC 55, que congela os investimentos por 20 anos.

“A pior coisa do pacote de ontem é que as pessoas esquecem a PEC que foi votada no Senado e que é um desastre para a economia do País, sendo o mais grave os investimentos na educação”, afirmou.

“A impressão é a de que teremos muito tempo sem novas universidades e que vão acabar com o que fizemos”, analisou. “Vai precisar de muita briga para evitar que aprove o pacote da aposentadoria”, acrescentou.

Lula disse que o governo Temer não deve favor a nenhum trabalhador do País. “Ele tem compromisso com o conjunto da sociedade representada pela parte econômica, banqueiros e empresários, para fazer o que está fazendo”, ressaltou. “O golpe é para acabar definitivamente com a inclusão social, com 35% podendo tudo e 65% a pão e água. É isso que está em jogo no País”, prosseguiu.

Lula explicou que o pacote anunciado ontem contempla muito mais o setor empresarial e financeiro do que os trabalhadores. “O Estado que está sem capacidade de investimento e arrecadação não tinha o direito de abrir mão da multa de 10% e devolver aos empresários”, explicou. “Baixar 10% vai facilitar mandar peão embora. Daí vão querer baixar para 30% depois”, alertou.

“Os trabalhadores precisam compreender a diferença de governo com compromisso histórico com a classe trabalhadora e um governo sem nenhum compromisso”, disse.

O presidente do Sindicato, Rafael Marques, afirmou que existem medidas muito mais importantes e eficazes para a retomada da economia do que as anunciadas.

“Infelizmente, uma das coisas que poderia constar no pacote de ontem é a renovação de frota de veículos”, lamentou. “O programa foi desprezado pelo governo por mais um ano e poderia significar um efeito imediato a favor do emprego e da retomada da produção no nosso setor automotivo”, prosseguiu.

PROPOSTAS

O diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos, o Dieese, Clemente Ganz Lúcio, avaliou que as medidas anunciadas são importantes, sendo algumas já propostas pelo movimento sindical, mas sem eficácia para tirar a economia da recessão.

“São medidas que melhoram o ambiente de negócio para as empresas, mas não enfrentam o grave problema econômico. É preciso que o Estado coloque fogo e lenha para a economia crescer”, defendeu.

Entre as propostas está a de reduzir a multa paga pelas empresas de 10% sobre o FGTS em demissão sem justa causa. A redução de 50% para 40% será gradual em dez anos e não afeta diretamente o trabalhador.

“Só que o Fundo vai ter menos recurso para fazer investimentos em habitação de interesse popular como vinha sendo utilizado”, contou.

Demanda antiga do Sindicato, também foi anunciada a distribuição de 50% do resultado do FGTS na conta dos trabalhadores. “É como se fosse uma PLR dentro do Fundo. Estamos calculando os efeitos, não vamos ganhar, mas também não vamos perder mais”, explicou.

Outras medidas são crédito imobiliário, pequenos empresários no BNDES, descontos de acordo com o meio de pagamento em lojistas para estimular a competição entre cartões, entre outras.

Da Redação.