Metalúrgicos não vão se aposentar com a reforma da Previdência
(Foto: Adonis Guerra)
Com a proposta de reforma da Previdência do governo Temer, a PEC 287, a maioria dos metalúrgicos do ABC não vai se aposentar. Levantamento feito pela subseção no Sindicato do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o Dieese, mostra que apenas 527 trabalhadores na base têm 65 anos ou mais, que representam 0,64% do total de companheiros.
“Quem propõe a reforma da Previdência dessa maneira não entende nada de chão de fábrica nem do trabalho pesado na linha de produção”, afirmou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.
Depois que o governo federal anunciou a proposta, a procura para elaborar o cálculo da aposentadoria triplicou no Sindicato. “Os metalúrgicos vão ter que trabalhar até morrer com a reforma. A preocupação é de todos os companheiros e não podemos permitir tamanho retrocesso”, continuou.
O levantamento do Dieese usou os dados consolidados de 2015 da Relação Anual de Informação Social, a Rais, do próprio Ministério do Trabalho (confira abaixo). Na faixa etária de metalúrgicos do ABC entre 60 e 65 anos, somos apenas 1.397 companheiros na base, o que representa 1,69% do total.
“A quantidade de trabalhadores por faixa etária vai diminuindo com o passar dos anos. Fica claro que a reforma da Previdência é um desastre e vai impedir a aposentadoria”, disse.
(Foto: Adonis Guerra)
A proposta do governo Temer institui idade mínima para aposentadoria de 65 anos para homens e mulheres e aumenta o tempo mínimo de contribuição de 15 para 25 anos. Quem cumpre os prazos mínimos ainda não garante 100% da aposentadoria, mas 76% do valor.
Para chegar à aposentadoria integral o cálculo é mais 1% por ano de trabalho adicional. “O trabalhador terá que contribuir por 49 anos para ter direito aos 100%. É uma reforma injusta que recai apenas nos trabalhadores”, destacou.
A Associação dos Juízes Federais do Brasil, a Ajufe, emitiu nota sobre a PEC 287 em que “considera inaceitável uma reforma da Previdência que viole os direitos e garantias fundamentais, piorando as condições de vida da população brasileira”.
“A exigência de 49 anos de contribuição, necessários para se alcançar a aposentadoria integral, da mesma forma, é totalmente desprovida de razoabilidade. Essa exigência, aliada à idade mínima, farão com que o povo brasileiro viva praticamente apenas para trabalhar”, alertou em nota.
O presidente do Sindicato ressaltou que a aposentadoria é um direito conquistado e as regras não podem ser alteradas no meio. “Temos que resistir e lutar contra essa proposta de reforma da Previdência que prejudica o futuro de toda a classe trabalhadora”, concluiu.
Debate
Hoje e amanhã a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, promoverá um debate sobre as reformas trabalhista e previdenciária. Entre os convidados estão o jornalista Luís Nassif e o ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas.
Da Redação