Wagnão guerreiro de sonhos

(Foto: Edu Guimarães)

Ajudante de caminhão, feirante, vendedor de areia, de sorvete, de crediário e de sonhos…me­talúrgico na Volks. Wagner Firmino de Santana, o Wagnão, é o filho mais velho da Dona Nair e do Seo Zizito, nasceu em Santo André e desde os 10 anos de idade trabalha.

O trabalho do pai – segurança em diversas empresas da base, incluindo a montadora alemã, – foi o primeiro contato com a categoria e vem dele também o exemplo de vida e a consci­ência de classe trabalhadora do secre­tário-geral do Sindicato e candidato à Presidência dos Metalúrgicos do ABC.

Wagnão estudou na escola Cidade dos Meninos e foi lá que ganhou a ‘fama’ de briguento, que jura estar bem longe nos dias atuais: “A minha luta agora é outra”.

Tribuna Metalúrgica – Por que você quer presidir o Sindicato?

Wagner Santana – Nunca pensei na hipótese de presidir o Sindicato, a minha lógica sempre foi em como posso contribuir. Fui me dedicando às tarefas que assumi e o resultado disso é ter as condições de estar à frente dessa categoria e dos Metalúrgicos do ABC, que é um instrumento importante de transformação social.

TM – Quais são os desafios para o próximo triênio?

WS – Os metalúrgicos do ABC vão combater os ataques desse governo que não tem compromisso com a classe trabalhadora e só quer pagar a conta com aqueles que o colocaram no po­der, com os mais ricos.

O pacote de maldades inclui a ter­ceirização irrestrita e as reformas da Previdência e Trabalhista. Também temos que defender a indústria na­cional para gerar empregos e renda de qualidade no Brasil contra o desmonte que querem promover a favor das multinacionais.

TM – O que representa a reforma da Previdência?

WS –A reforma é uma crueldade contra os trabalhadores brasileiros. Como as pessoas vão começar a trabalhar aos 16 anos e contribuir por 49 anos sem parar nenhum mês para poder se aposentar aos 65 anos? Eu não conheço ninguém. É só olhar ao redor na fábrica quantos são os peões com mais de 50, 60 anos? É o fim da aposen­tadoria. 

TM – E a Lei da Terceirização sancio­nada por Temer?

WS –Ao liberar a terceirização ilimitada, o trabalhador contratado hoje pela CLT vai ser trocado por um terceirizado com menores salários, menos direitos, sem organização e um trabalho mais precarizado. Esse traba­lhador jamais conquistará a aposenta­doria integral porque não conseguirá contribuir por 49 anos.

TM – Por que a reforma Trabalhista é um ataque?

WS –A proposta é para a retirada de direitos dos trabalhadores por meio de negociação. É a ‘coisificação’ do trabalhador. O Sindicato tem que ter representatividade, força e poder de negociação para defender os direitos por meio de acordos, mas a maioria deles não tem. Sem sindicatos fortale­cidos, os patrões irão impor condi­ções piores que as previstas por lei, o que hoje não é permitido. Com isso, nossa base também será pressionada a ou aceitar a pre­carização ou a ameaça de fe­chamento de fábricas.

TM – A defesa da indústria na­cional também é um desafio?

WS –O emprego de cada metalúrgico depende do conteú­do local. Se não hou­ver política industrial, o governo libera as im­portações e o emprego acaba aqui no Brasil. As ações do Sindicato para o setor são recor­rentes para fortalecer a indústria nacional e, assim, empregos de qualida­de.

TM – Com tantos desafios pela frente, pesa ser presidente dos Metalúrgicos do ABC?

WS –É claro que pesa. A responsa­bilidade é enorme, gigantesca, mas não sou arrogante a ponto de achar que vou resolver a vida, criar ideias, resolver o mandato sozinho. O mandato faz parte de uma construção, com o potencial que a categoria tem e isso alivia o peso da responsabilidade.

TM – Dos trabalhos que fez para aju­dar a sua família, você disse que a sua mãe fazia sonhos e que você os vendia, você ainda é um ‘vendedor’ de sonhos?

WS – Continuo acreditando em sonhos produzidos por outras pessoas e continuo lutando por eles. Ainda continuo como um molequinho ven­dedor de sonhos. Acho que esse é o nosso papel.

Raio X

 

 Wagner Firmino de Santana,

o Wagnão

Idade: 55 anos

Empresa: Volks desde 13/11/84

Filiação ao Sindicato: 21/02/85

• Eleito para a Cipa em 1987 e em 1996

• Eleito para Comissão de Fábrica em 1988

• Demitido na greve de 1991 e rein­tegrado no mesmo ano pela mobi­lização dos companheiros de fábrica

• Coordenador do CSE em 1999

• Integrante do Comitê Mundial de Trabalhadores na Volks em 1998

• Presidente do Dieese em 2005

• Secretário-Geral desde 2008