Luta pela terra: cerca de 2 mil companheiros do campo foram assassinados nos últimos 30 anos
(Foto:Toninho Tavares/ Agência Brasília)
Entre 1985 e 2016, a Comissão Pastoral da Terra, a CPT, contabilizou 1.833 casos de assassinatos no campo. A luta pela terra ganhou muitos capítulos manchados de sangue em 2016, ano em que foram registradas 71 mortes, e foi considerado o mais violento para trabalhadores rurais desde 2003.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, o coordenador nacional da CPT, Thiago Valetim, afirmou que o aumento da violência no campo é consequência da impunidade. “Precisamos ter um cuidado especial com quem é ameaçado e amanhã poderá ter a vida tirada”, disse.
Ele também vê o governo Temer como um retrocesso à luta pela terra. “A composição do governo é feita por pessoas que são contra os povos do campo e os projetos de lei deles intensificam a retirada de direitos na garantia do acesso à terra”.
Neste ano, os assassinatos já passam de 20 casos. Em março, o assentado Waldomiro Costa Pereira foi assassinado dentro da UTI, no Hospital Geral de Parauapebas, no sudeste do Pará.
Em abril, nove pessoas foram mortas numa chacina no assentamento em Colniza, cidade à quase mil quilômetros da capital Cuiabá, no Mato Grosso. A suspeita é que um grupo de homens armados que faziam segurança de fazendeiros sejam os autores do crime.
Na última semana, a líder rural Kátia Martins foi assassinada com cinco tiros numa emboscada dentro da sua própria casa na frente do seu neto de oito anos. Ela era presidente da Associação de Agricultores Familiares do assentamento que fica na divisa dos municípios de Castanhal e São Domingos do Capim, a 130 quilômetros de Belém.
Devido aos dados alarmantes, na última sexta-feira, durante a 2° Feira Nacional da Reforma Agrária, o Movimento dos Trabalhadores sem Terra lançou um manifesto contra a criminalização dos movimentos sociais e contra a violência no campo.
O documento também reivindica a reforma agrária e a demarcação das terras indígenas e da população quilombola.
Da Redação