Sindicato completa 58 anos de olho no futuro
(Fotos: Adonis Guerra)
História do Sindicato estimula luta de outras categorias
Os Metalúrgicos do ABC comemoraram 58 anos de atuação em defesa da categoria na última sexta-feira, dia 12, com atividades na Sede. O aniversário contou com premiação, exibição de filme e a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“É importante poder comemorar não só a passagem de uma data, mas o dia a dia e a trajetória de luta de trabalhadores que buscam um País melhor, o que só será alcançado com a solidariedade entre todos os movimentos”, destacou o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.
“A nossa história é um estímulo para que os metalúrgicos e outras categorias continuem na luta neste momento em que desafios estão postos. A união será essencial para barrar os retrocessos”, completou.
Assembleia aprova delegados para plenárias estatutárias
Em Assembleia Geral Extraordinária, realizada também na última sexta-feira, os companheiros aprovaram a escolha de 25 delegados e delegadas para a Plenária Estatutária da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, que ocorrerá nos dias 28 e 29 de junho. Para a etapa estadual da Plenária Estatutária da Central Única dos Trabalhadores, a CUT São Paulo, a quantidade de delegados ainda será definida.
Os metalúrgicos também aprovaram a venda de lote de carros, pertencentes à frota do Sindicato.
Lula entrega prêmio João Ferrador a Osvaldinho do Dieese
O ex-presidente Lula entregou o Prêmio João Ferrador ao criador e ex-coordenador da Subseção Dieese do Sindicato, Osvaldo Cavignato, o Osvaldinho.
“É com muito orgulho que prestamos essa homenagem ao primeiro economista contratado por este Sindicato. Tenho certeza que devemos muito a você, mesmo com salário todo mês, ainda somos devedores do serviço que prestou aos trabalhadores. Parabéns”, afirmou Lula.
O ex-presidente lembrou-se de quando estava em sua primeira viagem internacional, ao Japão, e soube que seu irmão, Frei Chico, e outros quadros do Partido Comunista Brasileiro tinham sido presos em 1975.
“Fui ao Dops, procurei o delegado para saber se meu irmão estava. Perguntei se estava também o Osvaldo Cavignato”, contou. Osvaldinho foi preso por 78 dias.
“Estabelecemos uma relação extraordinária porque era motivo de orgulho ter um metalúrgico economista cuidando da formação do Sindicato”, disse.
Osvaldinho agradeceu a homenagem. “Fico muito honrado. Essa categoria foi tudo para mim, me tornei uma pessoa mais flexível em alguns momentos, mas em outros não. Por que há momentos em não se pode ser flexível tem que ser ‘porrada’. Muito obrigado”.
Lula também homenageou o idealizador do personagem João Ferrador, o jornalista Antônio Carlos Félix Nunes, que morreu em 13 de março deste ano.
“Ele escrevia bilhetes do João Ferrador sem que militares se ofendessem e conseguiu fazer com que a categoria tivesse pensamento político profundo pelas edições da Tribuna”, relembrou. “Que o prêmio seja repartido de onde ele estiver”, prosseguiu.
O prêmio João Ferrador foi criado em 2009 pelo Sindicato para homenagear pessoas e entidades que cumprem um papel de relevância em ações que melhorem a vida dos brasileiros, como a defesa dos direitos dos trabalhadores e a promoção do desenvolvimento social e econômico.
Obrigado mestre
Nascido em 28 de maio de 1945, em Duartina, ajustador mecânico formado pelo Senai, metalúrgico do ABC desde 1958, ferramenteiro na Volks e economista. Esse é o Osvaldo Rodrigues Cavignato, nosso Osvaldinho.
Como estudante combateu à ditadura. No início dos anos 1970, colaborou para a realização do 1º Congresso da categoria. Em 1975, convidado por Lula, cria o Departamento de Estudos Econômicos. Em outubro do mesmo ano é preso pela repressão, levado para o DOI-CODI, onde permanece por 78 dias preso. É solto em dezembro e processado na Justiça Militar.
Dois anos depois forma-se em Economia pela Fundação Santo André. Retorna ao Sindicato e propõe que seja contratado por meio do Dieese, para, segundo suas palavras: “incorporar os conhecimentos teóricos e científicos da instituição e trazer tudo isso para dentro do Sindicato”.
Osvaldinho foi responsável pela 1ª Subseção do Dieese. A formação acadêmica, aliada à experiência de fábrica, inaugurava um novo olhar sobre a categoria e as transformações nas empresas.
Ele dizia que o trabalho do Dieese é sobretudo político, e era preciso preparar as Comissões de Fábrica e a direção sindical.
Na última sexta-feira, recebeu do Sindicato o Prêmio João Ferrador em reconhecimento ao seu papel fundamental no protagonismo que o Sindicato desenvolveu em negociar, formular políticas e atuar de forma cidadã e combativa nos mais adversos cenários. Muito obrigado, Mestre! (Confira a íntegra aqui).
Filme humaniza luta pelo direito à moradia
Durante o evento de aniversário do Sindicato, os presentes puderam acompanhar o filme “Era o Hotel Cambridge”, que conta os dramas e desafios vividos pelos moradores na ocupação liderada pela Frente de Luta por Moradia, a FLM.
O prédio na Avenida Nove de Julho, no centro de São Paulo, foi ocupado por cerca de 500 famílias em 2012. O filme elenca as histórias que rodeiam a trama nos 15 andares do prédio. Imagens documentais são mescladas a pequenas doses de ficção nas quais os próprios moradores transformam-se em atores.
Nos deparamos com vários elementos que compõem a convivência em sociedade: a importância do engajamento no movimento, amores e amizades.
A presença dos refugiados na ocupação causa divergências entre os habitantes do prédio. Durante o longa-metragem, é analisada a situação do imigrante no Brasil, que não pode participar de atividades políticas, mas é diretamente afetado por decisões dessa natureza.