Trabalhadores na Ford aprovam luta para cobrar investimentos na planta

Mobilização ontem iniciou com caminhada interna pela fábrica, seguida de assembleia conjunta dos trabalhadores em defesa dos empregos e do futuro da montadora na região

Fotos: Adonis Guerra

Os trabalhadores na Ford, em São Bernardo, começaram 2019 mobilizados com a aprovação do compromisso de luta permanente para cobrar da empresa os investimentos na planta. O ato teve início na manhã de ontem com uma caminhada interna dos companheiros da produção até a portaria dos trabalhadores mensalistas, onde foi realizada a assembleia conjunta.

O presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, afirmou que a resistência e a unidade serão fundamentais para garantir os empregos de qualidade, já que só a fábrica de caminhões não seria suficiente para manter a produção.

“Hoje a Ford, além dos caminhões, produz apenas o New Fiesta e nenhuma planta se sustenta com um só modelo, ainda mais sendo um veículo que não possui vida longa, como a própria empresa já anunciou. Por isso é urgente a discussão de investimentos. Vamos lutar para garantir uma nova expectativa de futuro para os trabalhadores, um cenário diferente dessa indefinição e desse risco que se desenha hoje”, defendeu.

Wagnão lembrou que a empresa está em momento de transição, com o anúncio de uma aliança com a Volks. “Nós já vivemos essa experiência na fusão das duas montadoras que criou a Autolatina, em 1987, e resultou em fechamento de plantas e demissões. Ao final, o prejuízo ficou todo com os trabalhadores”, alertou. 

O vice-presidente do Sindicato e presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, Paulo Cayres, o Paulão, reforçou a importância da vinda de um novo produto para manutenção da planta e dos cerca de 4 mil empregos diretos e terceirizados.

“A resposta da empresa ainda não veio e não vamos esperar sentados na mesa de negociação. A luta só terá resultado positivo se todos abraçarem a causa para pressionar e construir a estratégia dos trabalhadores”, chamou.

Os trabalhadores na Ford têm estabilidade no emprego até novembro pelo acordo coletivo negociado pelo Sindicato e aprovado em assembleia em abril do ano passado.

O coordenador geral da representação dos trabalhadores na Ford, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba, ressaltou que o acordo estabelece a discussão de um plano de investimentos.

“Nós trabalhadores fizemos a nossa parte com layoff, PPE, PDV, fusão das linhas de montagem. A cobrança é por esse retorno que estava compromissado pela empresa para viabilizar a fábrica e manter os empregos, cobrar respeito e transparência da direção da Ford”, disse.

Com a divulgação do ato, a representação dos trabalhadores conseguiu marcar uma reunião com o presidente da montadora para a semana do dia 18 de fevereiro. “Daqui até a data da reunião faremos assembleias nas áreas toda semana, para alertar sobre as preocupações de futuro e, após a reunião, uma plenária para definir os encaminhamentos”, explicou.

Apoio das centrais sindicais

O secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, destacou que a luta em defesa dos empregos e da produção industrial no Brasil é um grande desafio da classe trabalhadora.

“A intenção das multinacionais sempre foi importar tudo, elas não têm compromisso de produzir aqui. Um país do tamanho do nosso não fica em pé sem uma indústria forte e de alta tecnologia. E essa luta tem que ser feita aqui”, convocou.

O presidente da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, Miguel Torres, falou ainda sobre a situação da GM no país, que divulgou ameaça de fechamento de plantas.

“É nítida a intenção de retirar direitos dos trabalhadores. O momento é de demonstração de unidade na Ford, na GM, nas autopeças para não perder direitos e salários. Contem com a gente na luta. Também vamos precisar de vocês para enfrentar as lutas pelo Brasil”, afirmou.

 Da redação