Imagens da Luta dos 60 anos dos Metalúrgicos do ABC

1961

Passeata pelo abono de Natal em 1961 ocupa a região central de Santo André. A categoria participa ativamente da luta que culminaria com a conquista do 13º salário a todos os trabalhadores.

1963

Plenária intersindical comemora o 1º de Maio em 1963 com conteúdo internacionalista. Em pleno auge da Guerra Fria, sindicalistas pediam paz e liberdade no mundo e fim dos ataques imperialistas contra Cuba.

1964

Sindicato figura na lista das primeiras entidades sindicais que sofreram intervenção. No total foram quatro pelo Ministério do Trabalho: 1964, 1979, 1980 e 1983. A categoria sentiu o gosto amargo das cassações e prisões das lideranças sindicais nas ocasiões.

1968

O 1º de Maio de 1968, na Praça da Sé, em São Paulo, marca a volta dos trabalhadores às manifestações de rua após o golpe militar de 1964. Os metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema enfrentaram a polícia e foram em passeata até a Praça da República.

1970

Violenta repressão cala a sociedade e aumenta a exploração dos trabalhadores, criando as bases econômicas para o chamado milagre brasileiro. Propaganda oficial procurava vender uma imagem tranquila, criada às custas do arrocho salarial e censura.

1971

Um jornal para “conversar com os trabalhadores”. Foi com essa ideia que nasceu em julho de 1971 a Tribuna Metalúrgica. Neste contexto, surgiram personagens que representavam a categoria, como o João Ferrador, e seus bilhetes direcionados às autoridades do governo.

1974

O I Congresso dos Metalúrgicos define linhas gerais do movimento conhecido como novo sindicalismo e deu início ao rompimento da estrutura oficial a partir da promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho em 1943.

1977

Explode escândalo dos índices de inflação usados para corrigir salários. Subseção Dieese do Sindicato calculou que faltavam 34,1% para zerar as perdas. A categoria inicia um grande movimento de reposição e acumula forças.

1978

Nos dias 21 e 28 de janeiro, mais de 350 trabalhadoras demonstram consciência de classe ao participarem do I Congresso da Mulher Metalúrgica. Denunciaram desigualdade salarial e assédios sofridos na época.

1978

Na manhã de 12 de maio de 1978, trabalhadores na Scania, em São Bernardo, entram na fábrica, vestem o macacão, batem o cartão e, em vez de ligarem as máquinas, cruzam os braços exigindo aumento salarial.

1979

A Sede do Sindicato fica pequena para assembleias da Campanha Salarial. A solução foi realizar encontros no estádio de Vila Euclides, atual 1º de Maio. Na primeira delas, em 1979, não havia palanque e Lula teve que falar em cima de mesas e debaixo de chuva.

1979

Em 13 de março, os metalúrgicos deflagram a primeira greve geral de uma categoria urbana na história recente do sindicalismo no País. O governo militar responde proibindo as assembleias no Vila Euclides e o paço de São Bernardo torna-se o palco de outras lutas da categoria.

1980

Em 1980, a categoria entra em greve. O movimento, que durou 41 dias, sofre forte repressão do governo militar. Helicópteros do Exército sobrevoam o estádio de Vila Euclides para intimidar os metalúrgicos em assembleia. O Sindicato sofre nova intervenção, a diretoria é cassada e a cidade é cercada pelas forças da repressão para impedir qualquer reunião ou manifestação. Em resposta, a categoria assiste a missa do trabalhador na Igreja Matriz, organiza uma caminhada com mulheres à frente e resolve voltar ao Vila Euclides.

1981

A organização no local de trabalho se consolida como pauta obrigatória dos metalúrgicos em 1981, tornando-se objeto de lutas. Mobilização dos trabalhadores dentro das instalações da Ford, em São Bernardo, conquista a primeira Comissão de Fábrica em uma montadora.

1982

A campanha salarial de 1982 começa sob os efeitos da política econômica recessiva do governo. A categoria era duramente castigada pelo desemprego. Os patrões tentaram aproveitar a situação e os trabalhadores se prepararam para uma luta dura.

1983

Governo militar intervém pela quarta vez no Sindicato em resposta à greve de mais de 80 mil metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema em solidariedade aos petroleiros. Trabalhadores reagem e movimento de solidariedade se espalha, fomentando a fundação da CUT.

1984

A diretoria cassada do Sindicato convoca convenção da categoria para escolher os representantes de fábrica que deveriam compor a chapa para disputar a eleição, inovando em relação aos procedimentos anteriores e avançando na democratização da entidade.

1987

A dívida externa explode nos anos 80, levando o Brasil a períodos seguidos de superinflação e recessão. O governo militar chegava ao fim deixando um ônus enorme aos trabalhadores. Campanha da CUT em 1987 defendia o não pagamento da dívida externa.

1988

Assembleia Nacional Constituinte conclui as votações da atual Constituição e consagra novos direitos graças às lutas e pressão dos trabalhadores. Além da redução de jornada, constam a licença maternidade de 120 dias, licença paternidade, 1/3 das férias pagas, multa de 40% do FGTS nas demissões e outros.

1989

Reação covarde de policiais militares contra uma passeata pacífica foi o ponto de partida para deflagrar um dos momentos mais tensos da categoria, que ficou conhecido como Batalha de Piraporinha, após categoria rejeitar proposta dos patrões na Campanha Salarial.

1990

Durante 50 dias, trabalhadores na Ford protagonizam umas das mais importantes greves da história da base, conhecida como Golas Vermelhas, em referência aos uniformes dos trabalhadores do setor de Manutenção e Ferramentaria.

1991

No ano anterior, a inflação tinha alcançado 1.198%. O Sindicato responde com o ‘Acender a Chama’, ato contra a recessão no governo Collor e pelo crescimento econômico. Manifestação inaugura vigílias que colocam importantes temas nacionais em debate.

1993

A Câmara Setorial da Indústria Automotiva, puxada pelos metalúrgicos do ABC, marca nova fase de intervenção dos sindicatos na vida brasileira. Trabalhadores passam a participar como atores na definição de políticas industriais, ao lado do governo e das empresas.

1994

Mais de 80 mil trabalhadores nas ruas no Dia Nacional de Luta Contra o Arrocho por um mecanismo de proteção aos salários da categoria. Parados desde à zero hora de 23 de março, companheiros saíram em passeata pelas regiões da base. 

1995

O presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, aprofunda o processo de abertura da economia iniciado por Collor, colocando o País inteiramente sob políticas neoliberais. Na contracorrente, o Sindicato organiza a manifestação ‘Sem Peças o Brasil não Anda’.

1996

Passeata em defesa do emprego reúne 2.400 trabalhadores, percorrendo da Brosol até a Prefeitura de Ribeirão Pires, em quase 10 quilômetros pela Rodovia Índio Tibiriçá, para denunciar a omissão do governo com a onda de desemprego.

1998

O corte dos postos de trabalho continua como um grande problema da categoria. A ‘Maratona pelo Emprego’ mobiliza em um só dia 40 assembleias simultâneas em portas de fábricas, 28 palestras em bairros, igrejas, escolas, carreatas e vários debates no Sindicato.

1998/1999

Trabalhadores na Ford lutam contra 2.800 demissões anunciadas pela empresa. Movimento de 45 dias coloca metalúrgicos no centro da resistência contra o desemprego. Em um dos atos, trabalhadores ocupam a fábrica exigindo trabalhar.

1999

Categoria amplia a organização sindical e elege 196 dirigentes para formar a diretoria de base dos Metalúrgicos do ABC. A proposta de ter, pelo menos, um diretor sindical em cada fábrica é aprovada durante o 2º Congresso dos companheiros entre 1996 e 1997.

2000

Metalúrgicos desencadeiam movimento em defesa da assinatura do Contrato Coletivo Nacional de Trabalho para impedir que se pague salários diferentes para o mesmo serviço. Desde então, as campanhas salariais começaram a ganhar organização nacional e, assim, continuam até hoje.

2001

Após greve contra sete mil demissões, trabalhadores na Volks aprovam acordo que suspende dispensas e garante novos investimentos na planta. Negociação feita na Alemanha aponta nova face da ação sindical diante da reorganização mundial da produção.

2003

Luiz Inácio Lula da Silva, duas vezes presidente do Sindicato durante as grandes mobilizações do final da década de 1970 e início dos anos 1980, é eleito presidente da República com mais de 30 milhões de votos. Torna-se o primeiro operário a ocupar o posto no Brasil.

Novo ambiente econômico proporcionado pelo governo federal incentiva as lutas dos metalúrgicos em sua Campanha Salarial. Acordos registram primeiros aumentos reais na categoria e rompem a lógica neoliberal que admite, no máximo, a reposição das perdas dos trabalhadores.

2004

Categoria retoma Campanha Salarial e cobra do governo federal o descongelamento da tabela do Imposto de Renda. Com essa luta, a tabela passou a ser reajustada todo ano e, em 2009, ganhou duas novas faixas de renda, aliviando o bolso dos assalariados.

2005

Centrais começam a realizar a Marcha a Brasília com reivindicações dos trabalhadores. Na segunda edição, as centrais firmam acordo que reajusta o salário mínimo pelas taxas de inflação, mais o crescimento do Produto Interno Bruto, o PIB.

2006

Disputando contra uma ampla coligação de forças conservadoras, Lula é reeleito presidente da República com quase 60 milhões de votos, 64% do total, e vence em 20 dos 27 Estados e em todas as seis faixas do eleitorado.

2007

Cerca de 400 senadores e deputados aprovam a emenda 3, que cria a figura do trabalhador pessoa jurídica. Mudança acaba com o registro em carteira, transforma trabalhadores em empresas e coloca fim a todos os direitos. Metalúrgicos do ABC participam das mobilizações que fazem o presidente Lula vetar o projeto.

2008

Mobilização consegue mais de um milhão de assinaturas para projeto de lei que cria a jornada de 40 horas semanais sem redução de salários. Categoria volta às ruas com sua bandeira histórica e acrescenta o fim do fator previdenciário a pauta.

2009

O seminário ABC do Diálogo e do Desenvolvimento coloca lado a lado trabalhadores, poder público e representações empresariais para discutir saídas para a crise. O resultado foi a elaboração de mais de 100 propostas e a rearticulação da Câmara Regional do ABC.

2009

O 6º Congresso dos Metalúrgicos do ABC define 17 setores prioritários para a atuação da diretoria. Sob o lema “50 anos de luta – Construindo um Brasil justo e democrático: emprego e trabalho decente”, reúne delegados de toda a base.

2010

Sindicato lança durante abertura do 2° Congresso das Mulheres Metalúrgicas do ABC a campanha “Da licença, queremos 180”, que recebe o apoio da CUT e do governo federal. Várias empresas na base aderem ao programa de imediato.

2010

A TVT, a TV dos Trabalhadores, inicia transmissões em 23 de agosto de 2010 como uma das pioneiras por priorizar a cobertura do mundo do trabalho e das lutas sociais. “Nós subimos um degrau na conquista da democracia no País”, comemorou Lula no lançamento.

2011

Os metalúrgicos do ABC fecham duas vezes a Rodovia Anchieta em 2011 com grandes mobilizações: pelo fim do Imposto de Renda na Participação dos Lucros e Resultados e pelo risco da desindustrialização do País e crescimento do desemprego.

2012

Acontece o 2º Encontro das Metalúrgicas do ABC. Na Legas Metal, em Diadema, mulheres voltam a ser contratadas para a produção após mais de 15 anos. A ascensão da mulher aos postos de trabalho com melhor remuneração fez parte das discussões.

2013

Após mobilização iniciada pelos Metalúrgicos do ABC, governo isenta o pagamento do Imposto de Renda aos trabalhadores que ganham até R$ 6 mil de Participação nos Lucros e Resultados, a PLR. Decisão beneficia 70 mil companheiros na base.

2013

Na Regional Diadema, ex-presidente Lula inaugura a Escola Livre para Formação Integral “Dona Lindu”, que leva o nome de sua mãe. “Valeu a pena viver até hoje para ver isso, diz Lula ao descerrar a placa da Escola do Sindicato.

2014

Sindicato e Ministério das Comunicações assinam contrato de concessão que autoriza a TVT a instalar o canal aberto 44. Com transmissão digital em HD, ele permitirá a chegada da TVT a 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo.

2015

Manifestação contra o Projeto de Lei 4.330, que precariza as relações de trabalho, acabou em confronto entre a Polícia e trabalhadores em frente ao Congresso Nacional, em Brasília. Cinco mil companheiros participaram do ato.

2015

Depois de quatro anos de luta do Sindicato, a presidenta Dilma Rousseff assina a Medida provisória que institui o Programa de Proteção ao Emprego, o PPE, com o objetivo de preservar os empregos durante períodos de crise.

2017

Após cobrança, o Sindicato passa a participar da discussão da nova política automotiva, o Rota 2030. A Direção explica a importância da participação dos trabalhadores para a indústria e os empregos do futuro.

2018

Ex-presidente Lula é carregado nos braços do povo após discurso em frente à Sede durante ato inter-religioso em homenagem à sua companheira falecida Marisa Letícia. Em seguida, Lula vira preso político.

2019

Luta dos trabalhadores na Ford conquista acordo de pacote de indenização, PLR e benefícios. Mobilização em defesa dos empregos, continua. Montadora anuncia fechamento da planta no início de fevereiro.