Metalúrgicos iniciam Jornada de Lutas e alertam sobre impactos negativos da Carteira Verde e Amarela

Fotos: Adonis Guerra

Os Metalúrgicos do ABC iniciaram nesta terça-feira, dia 10, às 5h da manhã, na Volks, a Jornada de Lutas por Empregos e Direitos, organizada pela CUT e demais centrais sindicais – Força Sindical, UGT, CTB, CSB, Nova Central, CGTB, Intersindical, Intersindical Instrumento de Luta e CSP-Conlutas.

Na porta da montadora, os dirigentes conversaram com os trabalhadores e trabalhadoras sobre os impactos da Medida Provisória (MP) 905, do governo Bolsonaro, que cria a Carteira Verde e Amarela com menos direitos trabalhistas. 

Além dos alertas, foi distribuído um material explicativo com os principais pontos da medida que afetam diretamente os trabalhadores como a taxação do seguro-desemprego, o parcelamento em até 12 vezes de férias e 13º salário e o trabalho aos domingos. Os Metalúrgicos do ABC panfletaram nos terminais de São Bernardo e Diadema e na estação de Ribeirão Pires.

Após a atividade na Volks, os dirigentes fizeram panfletagem também na Rua Marechal Deodoro, principal via de comércio de São Bernardo, para dialogar com a população em geral. O ato foi encerrado em frente à igreja Matriz.

“A primeira questão é que medida provisória deve ser utilizada em caráter de urgência, para uma situação específica. A alteração das relações de trabalho não pode ser tratada via medida provisória, que já passa a ter validade sem discutir com o principal interessado, que é o trabalhador. Segunda, ela traz uma série de retiradas de direitos que incentiva os patrões a trocar os trabalhadores formais por esses subcontratados”, alertou o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão.

O secretário-geral do Sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou mais pontos e ressaltou a importância de todos conhecerem a MP para fortalecer a luta contra ela.

“A intenção da Carteira Verde e Amarela é flexibilizar os direitos, por isso é importante que cada um e cada uma saiba o que é essa medida provisória. Tem a redução do FGTS de 8% para 2%, redução do adicional de periculosidade, acidente de trajeto que deixa de ser acidente de trabalho, a negociação de PLR sem a participação do representante sindical, são diversos pontos. Nossos acordos e Convenção Coletiva não terão validade com essa medida provisória”.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, ressaltou que a medida taxa trabalhadores desempregados. “É uma crueldade que jamais pensei que ia acontecer. Isso na verdade é para compensar aquilo que o Estado deixa de arrecadar fazendo bondade para as empresas. O argumento do governo é falso, de que para gerar emprego é preciso tirar direito dos trabalhadores, mas o que gera emprego é o investimento na indústria, na infraestrutura”, afirmou.

“É importante que cada trabalhador e trabalhadora leia com atenção esse material e, acima de tudo, nos ajude porque essa questão vai ser decidida no Congresso Nacional pelos deputados e senadores. Independente em quem você votou, votou para que os parlamentares ampliem seus direitos e não o contrário”, completou Sérgio.

“Nós lutamos para que se taxe as grandes fortunas, os empresários que têm muito dinheiro, a remessa de lucros, mas eles estão taxando o seguro-desemprego, estão taxando a pobreza no momento em que a pessoa mais precisa. São essas barbaridades que vem acontecendo no país, precisamos nos rebelar e enfrentar”, alertou o presidente a Força Sindical, Miguel Torres.

“Estamos desmascarando essa medida provisória que vem fundamentalmente para atender a demanda dos patrões, reduzindo o custo das empresas e descarregando nas costas dos trabalhadores com um trabalho precário e cada vez mais desvalorizado”, denunciou o presidente da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha.

 A Jornada de Lutas, iniciada no ABC, será realizada em várias partes do estado de São Paulo ao longo da semana.

16+5

As mulheres da CUT-SP encerraram a Campanha 16+5 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres na Praça da Matriz.

“É vergonhoso que mulheres sejam assassinadas simplesmente por serem mulheres. Violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”, defendeu a coordenadora do Coletivo das Mulheres Metalúrgicas do ABC, Andrea Sousa, a Nega.

Os 16 dias de ativismo começaram em 1991, quando mulheres de diferentes países iniciaram uma campanha com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo. No Brasil, a Campanha ocorre desde 2003 e é chamada 16+5 Dias de Ativismo, pois incorporou o Dia da Consciência Negra. A mobilização terminou neste 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.