Fala Wagnão: O desastre do posto Ipiranga
O vergonhoso resultado do crescimento econômico do primeiro ano do governo Bolsonaro, de 1,1%, divulgado esta semana pelo IBGE, demonstra o que já sabíamos: que toda a expectativa do seu eleitorado de que esse governo traria confiança econômica e investimento, não aconteceu. Pelo contrário.
A verdade é que o tal “Posto Ipiranga” não inspira confiança para o investidor externo e nem para o empresariado brasileiro. Parte do empresariado, que se mostrava tão animada no início do governo, segue animada, mas agora com a diminuição dos salários, dos encargos, da fiscalização e com tudo aquilo que reduz, supostamente, os gastos deles, mas não com a recuperação da economia, porque ela não existe. A animação deles para na porta da empresa, não vai da porta pra fora, é só da porta pra dentro.
Outro fator importante é o baixo consumo das famílias, se o consumo não puxa o crescimento, não são as outras coisas que vão puxar. E por que o consumo das famílias não se recupera? Porque o mercado de trabalho está precarizado, com salários baixos, aumento da informalidade, terceirização e desemprego.
Aí está o que nós prevíamos, todos os efeitos da reforma Trabalhista que foram desenhados para reduzir a renda do trabalhador, de fato, reduziram. A consequência é a redução do consumo interno e do crescimento econômico, o que leva também a não ter investimento, porque se o empresário vê que o mercado não está se recuperando, ele não vai investir.
O Estado a cada ano vem perdendo o seu poder de indutor da economia. Além das reformas que diminuem o poder aquisitivo dos trabalhadores, também sofremos com a PEC 95, a do Teto de Gastos, e com essa contenção de gastos voltada ao desenvolvimento econômico, social, industrial que segura o dinheiro do BNDES, corta linhas de crédito, investimento em pesquisa e desenvolvimento e acaba com programas de ciência. É dessa forma que eles estão matando a capacidade do Estado de ser indutor da economia. Não podemos depender só da benevolência, da boa vontade do capital privado para o Brasil voltar a crescer.
É urgente que este governo deixe de fazer chacota com a população que sofre à mercê do desemprego, do endividamento e da falta de oportunidades e apresente medidas sérias para a geração de empregos e o fortalecimento da indústria. Pena que as perspectivas não são nada boas, como já prevíamos.