Governo exclui 16,2 milhões de micros e MEIs do programa de crédito

Foto: Adonis Guerra/SMABC

Ao anunciar a criação de uma linha de crédito para pagamento de salários de trabalhadores em pequenas e médias empresas, o governo excluiu 16,2 milhões de microempreendedores individuais e microempresas.

O diretor executivo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, criticou o fato de o programa não contemplar essas empresas mais vulneráveis. São 9,7 milhões de MEIs, que podem empregar um trabalhador, e 6,5 milhões de microempresas, que podem contratar até 19 trabalhadores na indústria.

“MEIs e microempresas são grandes empregadores no Brasil, é preciso reforçar os caixas dessas empresas, não excluir do financiamento. O governo anunciou que os MEIs poderão acessar a Renda Mínima Emergencial, de R$ 600 a R$ 1200, mas isso é para sobrevivência básica da pessoa, não para o negócio em si”, explicou.

“Além disso, tem a demora de até duas semanas para a regulamentação da proposta. As empresas devem estar paradas agora, os trabalhadores devem estar em casa agora, não dá para esperar para ver como vai funcionar a linha de crédito. Isso é urgente”, avaliou.

No total, o programa terá R$ 40 bilhões e valerá para pagar salários por até dois meses, período em que o empresário terá que se comprometer em não demitir os trabalhadores. A estimativa é atender 12,2 milhões de trabalhadores em 1,4 milhão de empresas em crise decorrente da pandemia do novo coronavírus. O dinheiro será pago direto ao trabalhador, porém será limitado a dois salários mínimos (R$ 2.090).

“O governo também não explicou em que condições as empresas vão poder acessar esse recurso. Se tiverem que estar com as obrigações em dia, não vai funcionar. As únicas que têm essa condição são as grandes empresas, que nem precisam desse recurso”, analisou.

“Defendemos que as medidas têm que ser para as empresas que não vão conseguir atravessar esta crise sozinhas, para que elas possam manter os vínculos de emprego, pagamento de salários e que se preparem para a retomada quando a crise passar”, concluiu.