Sindicatos em todo o mundo defendem isolamento social, empregos e renda
O IndustriALL Global Union, sindicato global dos trabalhadores na indústria, tem organizado ações para garantir a saúde e a segurança dos trabalhadores diante da pandemia do novo coronavírus. A entidade, com sede em Genebra, na Suíça, representa cerca de 50 milhões de trabalhadores em 140 países.
O secretário-geral do IndustriALL, Valter Sanches, que é ex-diretor dos Metalúrgicos do ABC e da CNM/CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT), explicou as principais ações do momento.
“Estamos em uma luta global junto aos 630 sindicatos filiados pelo mundo para combater os efeitos nefastos dessa pandemia. Proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores é o mais importante no momento. O segundo objetivo é proteger os empregos e a renda”, afirmou.
Sanches convidou a todos a entrar no site (industriall-union.org/es/covid-19-0) para acompanhar as iniciativas sindicais na defesa dos direitos dos trabalhadores pelo mundo.
Acordos globais
O IndustriALL encaminhou documentos para as 51 empresas com acordos globais pedindo a paralisação da produção para garantir o isolamento, a saúde e a segurança dos trabalhadores. São empresas que empregam 8,7 milhões de trabalhadores, além de outros 20 milhões de trabalhadores, se considerada a cadeia de fornecedores.
“Nessa carta pedimos para que as empresas negociem com os sindicatos as medidas de fechamento temporário das empresas. Em caso de serviços essenciais, que haja toda a garantia de ambiente de trabalho seguro, equipamentos de proteção individual e coletivo. E a garantia de cobertura e acesso dos trabalhadores aos serviços de saúde”, explicou Sanches.
“Também pedimos que sejam negociadas alternativas para garantir empregos e salários neste momento de crise mais aprofundada. E que essas grandes empresas também apoiem seus fornecedores, para que mantenham capital de giro e possam fazer as mesmas coisas com os trabalhadores na cadeia de fornecimento”, continuou.
Outra reivindicação foi para que as empresas considerem a questão da reconversão industrial.
“Há uma necessidade gritante de aparelhos, respiradores mecânicos, material de proteção aos trabalhadores na saúde e aos pacientes, material sanitário e hospitalar. Isso é muito importante para quem está no front no combate à pandemia e na defesa da saúde da população. As respostas das empresas têm sido muito positivas”, contou.
G20, FMI e Banco Mundial
Sanches explicou que a outra linha de atuação do IndustriALL, junto com outros sindicatos globais, é encaminhar as demandas e propostas dos trabalhadores às instituições multilaterais, como o G20 (grupo dos 20 países mais ricos do mundo), FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial.
“Pedimos ao G20, que anunciou investimento de US$ 5 trilhões na economia para enfrentar a pandemia, que disponibilize esse recurso para a proteção social, renda básica e emergencial aos trabalhadores, capital de giro para micro e pequenas empresas, trabalhadores informais, enfim, que esse dinheiro chegue aonde tem que chegar”, defendeu.
“Também pedimos ao FMI e ao Banco Mundial para que coloquem recursos à disposição dos países para a proteção social. Não é para salvar bancos e grandes empresas, como foi em 2008 e 2009, mas para salvar os empregos e a renda dos trabalhadores em geral”, concluiu.
Veja o depoimento do secretário-geral