Crédito anunciado pelo governo não chega às empresas

Wellington Messias Damasceno, diretor executivo do Sindicato
Foto: Adonis Guerra/SMABC

Falta de medidas do governo para atravessar o momento de pandemia é criticada por sindicatos e associações empresariais

As linhas de crédito anunciadas pelo governo, por meio do Banco Central e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), não estão chegando às empresas para atravessar este momento de paralisação de produção e de crise com a pandemia do novo coronavírus.

O diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, Wellington Messias Damasceno, reforçou que o Sindicato cobrou ações em todas as instâncias para que os recursos chegassem aos mais vulneráveis, para a proteção dos trabalhadores formais e também fez a defesa pela liberação imediata do crédito.

“O governo lança medidas que não chegam na ponta, onde mais precisa. A falta de liberação de crédito para as empresas é extremamente preocupante. Sem crédito, elas não vão conseguir pagar salários nem os custos da operação. Por mais que estejam paradas para garantir o isolamento social dos trabalhadores, existe ainda todo o custo com impostos e fornecedores”, explicou.

O governo anunciou R$ 40 bilhões em financiamento para pequenas e médias empresas por dois meses para pagamento de, no máximo, dois salários mínimos, com operação do BNDES e de bancos privados.  E também anunciou a liberação de recursos para as instituições financeiras, por meio de redução do depósito compulsório, que os bancos devem manter no Banco Central. O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que os recursos estão “empoçados no sistema financeiro”.

“Os governos de países do mundo todo estão colocando crédito para as empresas manterem os empregos, pagarem salários, não quebrarem e se prepararem para a retomada no pós-crise. No Brasil, o governo coloca dinheiro nos bancos para aumentar ainda mais o lucro do sistema financeiro, já que os bancos não estão baixando as taxas de juros nem fazendo empréstimos. Querem aumentar ainda mais a concentração financeira, enquanto as pessoas fazem fila na porta do banco tentando conseguir alguma coisa”, criticou.

Prédio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no centro do Rio de Janeiro. Crédito: PAULO VITOR/AGÊNCIA ESTADO/AE

O Sindicato propôs medidas de crédito para as empresas nos documentos encaminhados ao governo de São Paulo, Assembleia Legislativa e em reunião ampliada do Consórcio Intermunicipal Grande ABC (confira mais na página 4), que contou com a participação de empresas, que também reclamaram da dificuldade de acesso ao crédito.

Em reportagens na imprensa comercial, diversas associações empresariais, como Anfavea (Fabricantes de Veículos) e Abimaq (Indústria de Máquinas e Equipamentos), têm reclamado que os recursos não estão chegando às empresas.

“Nas próprias negociações do Sindicato, as empresas da base também reclamaram que não têm recursos dos bancos. Temos cobrado muito porque a liberação do crédito também é uma ação emergencial”, concluiu.