Devemos estar atentos ao desfecho do “corona crise”

Devemos estar atentos às medidas econômicas adotadas pelo governo quando a economia retomar o seu curso “normal” após a crise do coronavírus.
Se o governo insistirá na obsessão pelo enxugamento do Estado, leia-se privatizações, ajuste fiscal e prosseguimento das reformas liberais, ou reconhecerá a necessidade de rever suas posições diante da experiência traumática.
Pelo que já assistimos até o momento, se não houver mobilização popular, a tendência do governo vai ser aprofundar as reformas justificadas pelos gastos durante a epidemia.
Imaginemos essa crise epidêmica sem o SUS (Sistema Único de Saúde), que apesar de suas debilidades causadas pelas restrições orçamentárias nos últimos cinco anos, é o grande agente na área médica a enfrentar essa grave crise da saúde em todo país.
Imaginemos como seria mais difícil para o governo enfrentar essa crise sem o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES? Pensemos como seriam ainda mais limitadas a nossa capacidade de reconversão produtiva se o nosso parque industrial e nossos centros de pesquisa estivessem totalmente sucateados e inoperantes?
Quando ocorreu a grande crise financeira em 2008 e os Estados tiveram que socorrer as instituições financeiras em todo o mundo com pacotes bilionários para que estas não quebrassem, imaginava-se que as políticas neoliberais retrocederiam em todo mundo e os Estados retomariam seu protagonismo na condução da economia voltadas ao bem-estar social da população.
O que assistimos foi justamente o contrário. As políticas neoliberais voltaram ainda com maior agressividade e, em muitos países, voltaram de braços dados com governos conservadores e autoritários, como foi o caso do Brasil.
Portanto, é fundamental que a sociedade se mobilize ainda mais para que não se repita a mesma história. O capital financeiro, que foi o grande responsável pela crise de 2008, conseguiu capturar o desfecho dela em seu favor, atacando os governos progressistas e responsabilizando-os pela crise.
Depende de nós fazer com que a história caminhe em outra direção no desfecho da atual crise.
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