“Parece que a carne está soltando dos ossos”

Após 17 dias internado fazendo tratamento contra o novo coronavírus, o trabalhador na Ouro Fino, em Ribeirão Pires, Ezequiel Neves Pires, de 42 anos, recebeu alta na terça-feira, dia 14, com direito ao corredor de aplausos de toda equipe médica (confira o vídeo do momento abaixo).

Ezequiel Neves Pires, de 42 anos , com a esposa Letícia e a filha
Foto: Arquivo pessoal

Após 17 dias internado fazendo tratamento contra o novo coronavírus, o trabalhador na Ouro Fino, em Ribeirão Pires, Ezequiel Neves Pires, de 42 anos, recebeu alta na terça-feira, dia 14, com direito ao corredor de aplausos de toda equipe médica (confira o vídeo abaixo).

Para obedecer a orientação médica de repouso absoluto na recuperação, o relato abaixo foi feito com a ajuda da sua esposa, Letícia Franco Pires.

“Comecei a sentir dor no corpo no dia 19 de março, quando fui correr e senti muito cansaço. Faço sempre o mesmo percurso, mas daquela vez cansei muito. No domingo, começou a dor no corpo e a sensação do nariz queimando por dentro, como se fosse gripar.

No dia seguinte fui ao médico, que passou um remédio para febre. Na quarta, começou a tosse e fui ao médico de novo, mas novamente me mandaram para casa só com um xarope.  Na quinta, senti falta de ar, fui ao médico e me mandaram para casa de novo. No sábado, estava bem ruim, voltei ao médico, fiz exames de sangue e raio-x. Passaram antibiótico e mandaram voltar na quarta.

Só que no domingo de manhã estava muito ruim, só conseguia andar bem devagar e precisava de ajuda até para levantar. Fui ao hospital, fizeram tomografia e teste do coronavírus e já me colocaram no oxigênio e em isolamento.

Depois de alguns dias saiu a confirmação da covid. A preocupação foi muito grande, a gente não sabia como ia ser. A Letícia e a nossa filha de 12 anos tiveram sintomas de febre e dor no corpo e ficaram em quarentena.

Foram 17 dias isolado no quarto, sem melhorar, sem previsão de alta, sem ver a família e quase sem falar. O pessoal do hospital foi excelente, desde o pessoal da limpeza, todos tentavam me colocar para cima e me apoiaram para eu aguentar.

Foi muito difícil, não é brincadeira. Não é só uma ‘gripezinha’ que vai passar. Tomem bastante cuidado. Fiquem em casa, lavem as mãos sempre, usem álcool gel e máscara.

Nunca tinha sentido essa dor no corpo, parece que a carne está soltando dos ossos. Dói tudo, cabeça, costas, pernas. Ainda sinto muito cansaço na hora de falar, comer, tomar banho. Tenho que fazer tudo devagar. Nasci de novo.”

Veja o video do momento em que Ezequiel recebe alta: