Editorial: É preciso reindustrializar o Brasil

Momento de crise, agravado pela pandemia mundial e com o dólar nas alturas, escancara a dependência total de importados

Foto: divulgação

Não é aceitável que um país com mais de 211 milhões de habitantes, o 5º maior do mundo em extensão territorial, com uma enorme capacidade de produção industrial seja refém das importações. Em momentos de pandemia mundial, essa dependência fica ainda mais escancarada e com enormes impactos à população.

Nossa indústria está desaparecendo. O Brasil enfrenta um intenso processo de desmonte industrial, dentre os quais chamam a atenção pela gravidade os setores de mineração, elétrico e também o setor de autopeças, que resultou na perda de milhões de empregos, principalmente nas áreas em que estão concentrados os maiores salários e levou o país a 35ª posição na competitividade mundial. 

Uma pesquisa encomendada pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, IEDI, aponta que o Brasil tem a terceira maior desindustrialização entre 30 países desde 1970. Em 2019, o setor que abrange a indústria de plástico, alimentos, bebidas, metalurgia, têxtil, entre outras, representou apenas 11% da atividade econômica. Há duas décadas, essas atividades respondiam por mais de 15% do PIB. Em 1970, a participação era de 21%.

Nesse momento de pandemia e consequente alta do dólar, que já bate à porta dos R$ 6, o Brasil ficou refém de outros países e à mercê da importação de equipamentos necessários para o enfrentamento da Covid19, principalmente da China, isso porque deixamos de ter políticas industriais voltadas à manutenção e ao desenvolvimento da indústria.

Em um País como o nosso, para que haja uma economia dinâmica e inclusiva, não se pode concentrar a geração de riquezas apenas nas áreas de comércio e serviços. Sobretudo porque não temos aqui uma área de serviços de ponta, sendo a maioria destes setores de baixo valor agregado. Precisamos desenvolver uma indústria forte e diversificada que puxe os outros setores da economia.

Pela urgência do tema, ainda mais tendo em vista a alta taxa de desempregados no Brasil que já passa de 12%, e que deve aumentar significativamente no período pós-pandemia, o Sindicato tem na pauta da reindustrialização sua principal bandeira para alavancar a economia brasileira e gerar empregos. O tema vem sendo discutido de forma incansável pelos Metalúrgicos do ABC com vários segmentos responsáveis pelo setor. É urgente que um país com importância do Brasil, gere, de fato, riqueza para manter a qualidade de vida da população.