Mulheres estão no centro da luta contra a Covid-19

Impacto da pandemia é mais severo na vida das mulheres em todo o mundo, de acordo com a ONU Mulheres

Foto: divulgação

Com o dia das mães em meio à pandemia da Covid-19, os impactos da doença e do isolamento social na vida das mulheres ficam ainda mais gritantes, seja pela dupla ou tripla jornada, pelas escolas e creches fechadas ou ainda por estarem na linha de frente no combate ao coronavírus. 

A diretora executiva do Sindicato, Michelle Marques, destacou a importância da luta das mulheres.

Foto: Adonis Guerra

“Parabéns para as mães de todo o Brasil que lutam todos os dias para manter a família, que encaram a luta contra o machismo na sociedade e, nos últimos tempos, também lutam contra o fascismo que avança no país com esse governo. Acrescido a isso, ainda tem a pandemia, só sendo muito guerreiras para sobreviver a tudo isso”, destacou.

“A nossa homenagem e solidariedade também aos filhos que perderam as mães e às mães que perderam seus filhos. E o nosso agradecimento a quem está na linha de frente cuidando das pessoas, já que na área da saúde a maioria é de profissionais mulheres, que ainda chegam em casa e precisam ter cuidados redobrados com as suas famílias, sem poder abraçar seus filhos e entes queridos”, afirmou.

ONU Mulheres

A ONU Mulheres divulgou o relatório “Mulheres no centro da luta contra a crise Covid-19”, no mês passado, que aponta que a pandemia aumentará as desigualdades e a violência contra as mulheres em todos os países do mundo.

Isso porque as mulheres estão mais expostas aos riscos de contaminação, já que 70% dos trabalhadores na área de saúde no mundo são mulheres. Além disso, elas estão em funções de maior vulnerabilidade, como trabalho doméstico, cuidadores de idosos e empregos informais.

“A vida das mães ficou ainda mais difícil. Como essas mães vão trabalhar se as escolas estão fechadas? A desigualdade social no Brasil fica escancarada também com as aulas online para crianças que não tem acesso à internet. Imagine o coração dessas mães ao saber que seus filhos não vão conseguir acompanhar as aulas. O Brasil continua ignorando essas condições e faltam políticas públicas efetivas para diminuir esse abismo social”, disse (confira mais na coluna do departamento de Formação).

Violência

O relatório da ONU também aponta que a violência contra as mulheres vai piorar, já que muitas estão em isolamento social junto com seus agressores.

No Brasil, houve aumento de 9% no número de ligações para o 180, que recebe denúncias de violência contra a mulher, em março, com 3.303 ligações e 978 denúncias.

No Estado de São Paulo, os atendimentos da Polícia Militar às mulheres vítimas de violência aumentaram 44,9% e o número de feminicídio aumentou de 13 para 19 casos (46,2%) em comparação ao mesmo mês do ano anterior.

Por que a pandemia afeta mais as mulheres?

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– 70% dos trabalhadores da área da saúde em todo o mundo são mulheres, fato que as expõe a um maior risco de infecção pela Covid-19;

– Com o isolamento social, os índices de violência doméstica e feminicídio têm aumentado no mundo. Como as mulheres estão confinadas com seus agressores e distantes do ciclo social, os riscos são cada vez mais elevados;

– Entre os idosos, há mais mulheres vivendo sozinhas e com baixos rendimentos;

– As trabalhadoras do setor de saúde, as domésticas e as trabalhadoras do setor informal serão as mais afetadas pelos efeitos da pandemia;

– No setor têxtil, um dos mais afetados da indústria em todo mundo e paralisado por causa do trabalho temporário de lojas, as mulheres são 75% dos trabalhadores no mundo.

– Com a pandemia, mulheres têm de se dividir entre diversas atividades, como emprego fora de casa, trabalhos domésticos, cuidados com filhos, educação escolar em casa e assistência a idosos;

– Antes da Covid-19, as mulheres desempenhavam três vezes mais trabalhos não remunerados do que os homens. Com o isolamento, a estimativa é que este número triplique;

– Mulheres não estão na esfera de poder de decisão na pandemia. Elas são 25% dos parlamentares no mundo e menos de 10% dos chefes de Estado ou de governo.

Os dados são do relatório da ONU Mulheres.