Fala Wagnão: A democracia vencerá o fascismo
As manifestações de 2013 foram a oportunidade para o retorno do fascismo
Muitos ainda tentam compreender os rumos, os patrocinadores e os participantes daquele movimento. Apesar de não compreendê-lo totalmente, podemos afirmar, com certeza, que naquele ano os movimentos ultraconservadores, neonazistas e fascistas, disfarçados naquele meio, enxergaram uma oportunidade de reapresentar suas bandeiras racistas, machistas, homofóbicas, entre tantas outras de caráter preconceituosos e intolerantes.
A esquerda naquele instante não percebeu o avanço deste ataque às frágeis e recentes conquistas de cunho democrático no nosso país. Hoje pagamos o preço por essa desatenção.
Os movimentos sociais hoje são duramente atacados ou têm sua existência desprezada como agentes de interlocução de uma parte da sociedade. E isto não é obra do acaso, este desprestigio faz parte de uma estratégia de desmonte das organizações que não pertençam ao status quo da representação oligárquica e formal, encrunhada há séculos nos poderes legislativo e executivo.
O legislativo nunca na história do Brasil representou as diversas facetas do povo brasileiro e já há um bom tempo deixou de ter empatia para se moldar de acordo com os humores, os movimentos e anseios do nosso povo.
Quanto ao poder executivo federal para o momento, este só se manterá no poder através do uso da força e com apoio de uma minoria ruidosa na rua. Não foi diferente no golpe de 64, no suicídio de Getúlio e em outros momentos do golpismo em nossa história.
Não foram diferentes também as lutas de resistência a esses momentos ditatoriais e golpistas, a determinação ferrenha do nosso povo por democracia e garantia dos direitos constitucionais. Muitas vezes sem o conhecimento acadêmico do que significam estes conceitos, mas a intuição natural de quem conhece a vida como ela lhe ocorre de fato.
Os defensores da democracia em todos esses momentos vividos de golpismo também demoraram a encontrar as pautas que os unificassem e os tirassem da zona de conforto.
O outro lado nos deu a palavra de ordem: resistir pela defesa da democracia, direito primordial do qual advém todos os outros.
Os incessantes ataques pelo presidente e seus apoiadores aos poderes legislativos e judiciário, que antes pareciam costumeira disputa por espaço de poder, deixam claro quão endêmico é o apreço pela ditadura daqueles que ocupam hoje as cadeiras no Palácio do Planalto.
O fascismo é a face por detrás da máscara deste governo e dos ataques às instituições. E com o fascismo não se dialoga, se combate. As manifestações antifascistas e em defesa da democracia é pauta única e suficiente por si só. Não precisa ser complementada, adjetivada ou de qualquer forma distorcida a bem de não perder adesões.
Também não podemos ser ingênuos, como fomos em 2013, em que as bandeiras e cores das representações sociais foram banidas logo no início daquelas manifestações.
Que venham todos contrários aos rumos golpistas deste governo, que venham todas as bandeiras, principalmente a nossa brasileira indevidamente apropriada por quem menos a ama. Que venham todos os arrependidos de ter em algum momento embarcado nesta onda repressora. Àqueles que medem suas ações olhando o próximo outubro digo que nossas diferenças e respectivos tamanhos resolveremos democraticamente nas urnas depois.
É chegada a hora do bom combate, daquele que vale a pena ter lutado.
*Coluna do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana.