#VidasNegrasImportam: A luta contra o racismo no Brasil
A Tribuna inicia hoje uma série de três textos, escritos pelo Departamento de Formação, sobre o combate permanente contra o racismo e o fascismo.
Afinal, o Brasil é ou não é um país racista? Apesar da pergunta, são muitas as evidências sobre a discriminação racial no nosso país. Os negros ganham menos dos que os brancos para exercerem a mesma função. Os negros e negras são maioria nos empregos menos reconhecidos socialmente, mais precarizados e que pagam menos. As empregadas domésticas, na sua grande maioria, são mulheres negras e trabalham sem registro e sem direitos. Da mesma forma, a maioria dos entregadores por aplicativos são jovens e negros, assim como predominam trabalhadores negros na construção civil e nos serviços de limpeza.
Reportamos apenas ao mundo do trabalho, mas a lista de discriminações cotidianas contra os negros é ampla e inclui todas as dimensões das relações sociais. As que mais chamam atenção estão relacionadas à violência policial contra jovens negros, mas para onde olharmos veremos as marcas no racismo em nossa sociedade.
Mas, por que diante de tantas constatações que evidenciam o preconceito racial ainda continuamos afirmando que no Brasil não há racismo? Esses inúmeros exemplos de discriminação racial acontecem e perpetuam-se porque existem mecanismos institucionais, políticos e ideológicos que permitem que essas discriminações ocorram e não sejam reconhecidas como manifestações racistas. Por exemplo: nas escolas, no sistema jurídico, nos meios de comunicação, no sistema policial, nas políticas culturais, nos meios esportivos etc.
Esse mecanismo é também chamado de racismo estrutural, que funciona como um sistema de opressão que estrutura as relações sociais em nossa sociedade, que impede a mobilidade social dos negros através de várias formas de exclusão e que procura tornar “natural” a inferioridade social e intelectual do negro na sociedade.
Dessa forma, o racismo aparece como uma forma de “normalidade” que molda ações conscientes e inconscientes dos indivíduos na sociedade. As pessoas que dizem que não há racismo no Brasil, em muitos casos, o fazem porque não conseguem enxergar para além da “racionalidade” construída pelo racismo estrutural que molda a nossa visão de mundo desde os nossos primeiros anos de vida.
O combate ao racismo é um problema da sociedade e não só dos negros. Dizer que não é racista não basta. É preciso ser antirracista, isto é, lutar contra o racismo cotidianamente em todas as suas trincheiras. Onde houver racismo não haverá democracia de fato. Nesse sentido, a luta contra o fascismo e contra o racismo é uma luta fundamental que certamente dará um sentido mais profundo à nossa democracia.
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