Luta da oposição garante auxílio aos trabalhadores da cultura
O projeto de autoria da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que prevê pagamento de auxílio emergencial aos trabalhadores do setor cultural, foi sancionado por Bolsonaro no prazo final, dia 29, após grande pressão da oposição.

A Lei Aldir Blanc, como ficou conhecida, em homenagem ao músico e compositor que morreu em maio, vítima do coronavírus, vai destinar R$ 3 bilhões em auxílio emergencial aos trabalhadores da área. Serão até três parcelas de R$ 600 às pequenas e microempresas do setor, trabalhadores informais e organizações culturais.
O secretário de Cultura, o ator Mario Frias, nomeado para substituir a atriz Regina Duarte, chegou a zombar do auxílio que chamou de esmola.
O diretor administrativo do Sindicato, Moisés Selerges criticou a postura do governo e do secretário, que pouco se importam com a cultura brasileira e com milhares de profissionais que colocam o espetáculo em pé. Ele defendeu que pagar o auxílio seria mais que uma obrigação do governo, porém, mais uma vez, foi preciso luta.
“Atrás de um cantor que a gente vê no show ou de um ator que a gente vê no teatro, existem milhares de trabalhadores, desde o cara que monta o palco. A cultura gera riqueza e os trabalhadores da cultura não podem ficar ao léu, jogados às traças. Seria mais que uma obrigação, mas, logicamente, a oposição teve que entrar para pressionar o governo”.
“A cultura é soberania, uma nação sem a sua cultura está fadada a ser dominada por outras, como se tenta fazer no Brasil”, completou.
Impactos
Resultados preliminares da pesquisa nacional divulgada no último dia 29, “Percepção dos Impactos da Covid-19 nos Setores Culturais e Criativos do Brasil” aponta que do total de 1.085 respostas já recebidas, de todo o país, todos foram unânimes em informar queda de receita. Entre março e abril, o faturamento do setor caiu 34% em relação ao período pré-pandemia. Entre maio e julho, foi de 44,7%. A projeção para o período de agosto a outubro é de perda de cerca de 50%.
Dados da Unesco, uma das parceiras da pesquisa, ressaltam que a previsão era de que os setores culturais e criativos participassem com R$ 43,7 bilhões do PIB brasileiro até 2021. No ano passado, os dois setores movimentaram R$ 171,5 bilhões, o equivalente a 2,61% de toda a riqueza nacional. Ao menos 837,3 mil profissionais estavam empregados.